Cada vez mais a palavra ciber invade as nossas conversas e os nossos écrans, a palavra cibercrime transporta-nos para uma realidade preocupante, à qual não damos o devido valor pois, embora muito repetida, ainda há quem não tenha percebido até onde vai o poder do cibercrime na vida da sociedade.
Recentemente, numa formação sobre segurança informática, uma jovem da audiência interrompeu para dizer, convictamente: “- a mim não me acontece, eu sei bem identificar os riscos”; lamentavelmente não sabia, nem sabia que o empregador tinha sido vítima de cibercriminalidade, por não ter investido atempadamente em formação em cibersegurança.
Ouvimos falar em transformação digital e não conseguimos ver o objeto dessa transformação, parece que estamos a falar de algo que não nos atinge, que é distante, que é uma preocupação dos outros, sem sabermos bem quem são os “outros”. Enfim, para nós não é ameaça.
Levantando um pouco o véu sobre o tema, falar em transformação digital é dizer que, por exemplo, a correspondência que há bem pouco tempo recebíamos em casa, agora é um email que fica armazenado num servidor na nuvem. Já todos ouvimos falar da “cloud”, essa nuvem que armazena tudo, desde as fotografias que tiramos com o telemóvel, passando pela informação de saúde, pelos dados da nossa conta bancária e um sem número de informações privadas e sensíveis, que gerimos digitalmente todos os dias, seja no dispositivo móvel ou em qualquer outro meio de acesso à internet, seja informação privada, das organizações ou institucional.
As empresas lutam com a necessidade de acompanhar a transição para um destino digital, que é inegavelmente o futuro de todos, mas os riscos associados às novas tecnologias ainda geram insegurança nas organizações, nomeadamente nas PMEs que se debatem, para além das questões legais e de financiamento, entre outras, também com o salto tecnológico da transição digital, necessária, mas que acarreta mais riscos, mais custos e mais questões legais.
Sem dúvida que os serviços em nuvem vieram simplificar a vida aos utilizadores de tecnologias de informação, mas de repente, tivemos o trabalho remoto e abrimos mais uma porta para os cibercriminosos, e não houve tempo nem para a formação, nem para minimizar os riscos, mas acima de tudo, ainda não houve tempo para empoderar as pessoas para ir mais além, usando as boas práticas e criando um ambiente ciberseguro.
Poderíamos chamar ciber-cidadania à necessidade de manter os cidadãos ciberseguros, mas afinal como é uma cidadania ciber-informada ou, como podemos ficar ciberseguros se desconhecemos a insegurança que o cibercrime pode trazer para a vida de cada um de nós?
O risco é efetivo e, ao contrário da expressão “a curiosidade matou o gato”, eu diria que a falta de curiosidade acerca da cibersegurança é uma ciberameaça para “o gato”.
- Publicidade -

Helena Simões
Licenciada em Informática de Gestão, Pós-graduada em Auditoria, Risco e Controlo de Sistemas de Informação, pela CBS-ISCAC/IPC.
Formadora em Ferramentas Informáticas e de Controlo de Gestão, apaixonada pela Segurança de Informação e pelo conhecimento.
- Publicidade -
Tema: CibersegurançaData de Publicação: 28/11/2023, 23h05
Ciber-cidadania ou cidadania ciber-informada?

O risco é efetivo e, ao contrário da expressão “a curiosidade matou o gato”, eu diria que a falta de curiosidade acerca da cibersegurança é uma ciberameaça para “o gato”.
- Publicidade -