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Hernâni Caniço

Médico, Doutorado pela Universidade de Coimbra, Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos, Competência em Gestão de Serviços de Saúde, Vereador na Câmara Municipal de Coimbra, Membro da Comissão Política Concelhia e da Comissão Política da Federação Distrital de Coimbra do Partido Socialista.

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Tema: Famílias disfuncionais, Famílias de risco globalLivreData de Publicação: 15/03/2024, 11h47
Famílias disfuncionais ou de risco global
Foto Hernâni Caniço
Foto Hernâni Caniço

A classificação das famílias em 5 tipos clássicos (nuclear, monoparental, reconstruída, unitária e outras) tornou-se redutora na Medicina Familiar. Propusemos nova classificação, prática e útil em avaliação da estrutura e dinâmica familiar, permitindo melhorar cuidados assistenciais aos utentes.

É uma base para adaptação dos métodos de avaliação familiar à realidade do dia-a-dia da Medicina, e futura criação de novos métodos, actuais e efectivos.

Exprimimos opinião em atitudes, face à pesquisa bibliográfica, diagnóstico de situação e experiência clínica, e sugerimos debate face à relevância e pertinência do tema.

Concluímos hoje a apresentação da classificação dos 21 tipos de família segundo a estrutura/dinâmica global. Existe dinâmica nestas famílias, com tipos muitas vezes coexistentes, adaptados à evolução dos sistemas familiares.

A família com fantasma é uma família em que ocorre o desaparecimento de um dos elementos, de forma definitiva (falecimento) ou dificilmente reversível (divórcio, rapto, desaparecimento ou motivo desconhecido).

Implica que o elemento em falta continua presente na dinâmica familiar, dificultando a reorganização das relações familiares e impedindo o desenvolvimento individual dos restantes membros.

Há que ter atenção ao impacto individual do mediatismo e exposição pública que, por vezes, ocorre.

A família acordeão é uma família em que um dos cônjuges se ausenta por períodos prolongados ou frequentes.

São exemplos, trabalhadores humanitários expatriados, militares em missão, trabalhadores colocados longe da residência, ou emigrantes de longa duração.

Trata-se de uma família em que a relação conjugal e / ou as eventuais relações parentais poderão ser abaladas na sua coesão pela ausência constante ou prolongada do cônjuge / progenitor.

Deverá haver diálogo familiar e mútuo compromisso solidário quanto à oportunidade e à situação, bem como a frenação de atitudes, impulsos e sentimentos que indiciem ou evidenciem disfunção familiar.

A família flutuante é uma família em que os elementos mudam frequentemente de habitação, como no caso de progenitores com emprego de localização variável (funções públicas de rotação e mobilidade geográfica profissional, viajantes, etc.).

Incluem-se também as famílias em que o progenitor muda frequentemente de parceiro, sem praticar a apologia da união de facto consolidada e responsável.

São famílias tradutoras de grande instabilidade e dificuldade na criação de vínculos familiares ou extrafamiliares, embora alguns elementos possam criar novas famílias em simultâneo.

A família descontrolada tem um membro com problemas crónicos de comportamento, podendo este ser relacionado com circunstâncias fortuitas da vida, doença ou comportamentos aditivos (esquizofrenia, toxicodependência, alcoolismo, etc.), o que vai condicionar a estrutura familiar conduzindo a dificuldades na organização hierárquica e nas relações inter-familiares.

Impõe-se, assim, a necessidade de reorganização a nível funcional e estrutural. com acompanhamento clínico e terapêutico individualizado, preparação psico-pedagógica da família para a situação em causa e articulação com entidades de saúde e acção social.

A família múltipla é uma família em que o elemento identificado integra duas (ou mais) famílias, constituindo agregados diferentes, eventualmente com descendentes em ambos. Também se pode designar família 2 em 1.

O elemento comum intervém na dinâmica em ambas as famílias, criando expectativas e multiplicando objectivos, podendo ter distúrbio da personalidade ou perturbação do afecto.

Há necessidade de avaliação conjuntural e estrutural quanto à (s) família (s) pelo paciente, princípios, oportunidade e sequelas, além de apoio psicológico – psiquiátrico imperioso e terapia comportamental.

A relação conjugal é uma parte importantíssima no que respeita à origem da família, por constituir uma união e reforço de objectivos comuns em harmonia, utilidade e ligação à sociedade. Por isso, no próximo artigo, abordaremos as famílias, segundo a relação conjugal.

*Baseado no livro “Novos Tipos de Família, Plano de Cuidados”, de Hernâni Caniço, Pedro Bairrada, Esther Rodríguez e Armando Carvalho

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