É ou deve ser uma prioridade na prevenção, cura e reabilitação de doenças da civilização, é o que as pessoas consideram mais importante, quanto à importância do exercício físico para a sua saúde e bem-estar, seguindo-se o facto de ter em conta eventuais limitações de mobilidade e outras doenças já existentes, ser ou dever ser adaptado às características físicas e ao perfil psicológico da pessoa, e ser ou dever ser de tipo, intensidade e duração, conforme cada pessoa individualizada, sendo o menos importante o facto de dever ser adaptado ao horário laboral, ao tempo de lazer e à conveniência familiar.
O consumo de drogas leves ou duras conduz à perda de saúde e à viciação, é o que consideram mais importante, quanto ao tabagismo, abuso do álcool e consumo de drogas e ao prejuízo que representam para a sua saúde física e mental, seguindo-se que o abuso do álcool, agudo ou crónico, prejudica gravemente a saúde, a vida familiar é afectada pelos hábitos nocivos, conduzindo ao conflito e à dissolução, e o tabagismo é um malefício, devendo ser completamente eliminado, sendo o menos importante que a vida social seja melhorada pelo consumo de tabaco, álcool ou substâncias que alteram o estado orgânico e psíquico.
A participação regular em espectáculos de música, cinema, teatro, ópera, dança, viagens e turismo cultural, etc., é o que consideram mais importante, quanto ao modo como a participação em actividades culturais influencia a saúde, seguindo-se a participação em colóquios, seminários, conferências, jornadas, etc., envolvendo saúde e ambiente, a participação em actividades de bairro/condomínio, grupos regionais/festas populares, mostra de rua, feira e quermesses, e a participação em congressos científicos e outras actividades relacionadas também com o trabalho, sendo o menos importante que, considerando a política um acto de cultura, haja participação em comícios, sessões de esclarecimento ou convívios partidários ou acções organizadas da sociedade civil/movimentos cívicos.
Os comportamentos de risco sexual, que envolvem consequências para os praticantes, parceiros e famílias, é o que consideram mais importante, quanto à forma como o grau de promiscuidade afecta a saúde, seguindo-se, através do meio ambiente e da poluição química e sanitária que envolva a zona de habitação, através da habitação própria ou em uso, por ausência de condições de espaço, higiene e salubridade, e o ambiente de trabalho desregrado e indisciplinado, ou de opressão e limitação de direitos em saúde, sendo o menos importante a participação em grupos de rotura social, com utilização de agressividade, violência e espírito classista.
Afectam a auto-imagem e a auto-estima, podem afectar a personalidade, perturbam a relação familiar, influenciam o meio ambiente e cultural da pessoa, é o que consideram mais importante, quanto à forma como as doenças crónicas afectam a saúde, seguindo-se através dos sintomas, queixas e mal-estar, poder ter várias doenças, tomar muitos medicamentos e com efeitos secundários, pela inadaptação à dor e incapacidade, perda de amigos e laços familiares, desmotivação de trabalho e utilidade pessoal, e pela existência de complicações, expectativa de vida difícil e futuro incerto, a ideia assustadora de morte, sendo o menos importante a preocupação quanto às condições de apoio institucional (apoio hospitalar, centro de saúde, apoio domiciliário, centro de dia, lar).
Pela incapacidade física e motora, com perda de autonomia dessas funções, é o que consideram mais importante, quanto à forma como as limitações da vida diária provocadas pela situação de doença são prejudiciais, seguindo-se pela limitação intelectual para organização da vida pessoal e familiar, pela dependência nas actividades de dia-a-dia – higiene, sustentabilidade económica e segurança, e pela perda da autonomia, emprego e capacidade de exercício profissional, sendo o menos importante a perda da dinâmica e boa relação entre as pessoas, amigos e família.
Quando há falta de apoio dos cuidados continuados da rede pública, é o que consideram mais importante, quanto à forma como a acção dos cuidadores de idosos e doentes crónicos lhes é prejudicial à sua vida pessoal, profissional e familiar, seguindo-se quando se altera a motivação, empenho, dedicação e afecto para os idosos e doentes crónicos, interfere com a vida profissional, suas responsabilidades e compromissos, e reduz a capacidade económica, com menos remuneração e menos regalias para os cuidadores, sendo o menos importante a redução da capacidade intelectual e de estudo e novas hipóteses de qualificação, graduação e emprego.
Em conclusão, a grande maioria das hipóteses colocadas e verificadas (91,7%), traduzem a importância na vida das pessoas, em saúde, doença e estilos de vida, e no seu enquadramento pessoal, familiar, laboral, dos amigos e social.
Houve caracterização socio-demográfica representativa, em género, estado civil, agregado familiar (habitação), idade, profissão e habilitações literárias, com números quantitativos e qualitativos de boa amplitude.
Os resultados permitem-nos ainda divulgar, por consequência, o que pensam os inquiridos, constituindo um retrato da sociedade em Portugal, e da posição do cidadão perante a sua pessoa e a organização social que o/a envolve.
Estes resultados constituem, para além da importância que eventualmente lhes for atribuída como estudo académico, um contributo para o diálogo, a tertúlia e o debate na sociedade civil, uma componente de interpretação em saúde ocupacional e meio laboral, um ponto de partida para dinâmica de grupos em meio juvenil nas escolas secundárias, uma avaliação pedagógica em meio universitário de outros ramos da ciência, e uma análise e reflexão para os meios decisórios de poder se o quiserem aproveitar.
Assim, os pressupostos, a metodologia, o conteúdo do questionário aplicado na amostra e seu universo, a sua análise e os resultados da sua aplicação, fundamentam a criação e aplicação do Questionário final “Apgar Saudável” como novo método de avaliação em Saúde da Pessoa.
*Baseado na Tese de Doutoramento de Hernâni Pombas Caniço, em Ciências da Saúde, Ramo de Medicina, especialidade de Clínica Geral, Medicina Familiar e Comunitária (Medicina Preventiva), com o título “Os Novos Tipos de Família e Novo Método de Avaliação em Saúde da Pessoa – Apgar Saudável” apresentada à Universidade de Coimbra.