Viktoryia Borshchenko é uma jovem ucraniana de 38 anos que, sendo jogadora internacional de andebol, capitã da selecção do seu País e melhor marcadora da sua história, e jogando também por uma equipa russa na Liga dos Campeões (é uma lenda do andebol ucraniano e tornou-se uma referência na Rússia).
Fugiu da guerra da Rússia contra a Ucrânia, dois dias depois da invasão, e foi acolhida pelo SL Benfica em Abril de 2022, onde tem sido campeã nacional sucessivamente, e melhor jogadora do campeonato português.
Foi três vezes à Ucrânia, desde que começou a guerra, porque “era importante ir e sentir aquilo que o povo ucraniano estava a passar”, e “como é lidar com as sirenes, ver como as crianças descem a correr para se abrigarem”, mas não conseguiu ver o pai, a mãe e a avó que estão em Kherson, do lado russo. Quanto à nacionalidade, diz “No meu coração, sou ucraniana. Mas posso ser portuguesa também.”
Devastada por um problema de saúde em Janeiro deste ano, que ela própria divulgou (tumor cerebral), terminou a sua carreira de andebolista, quando era a melhor marcadora da equipa, e foi agora contratada pelo SL Benfica como treinadora-adjunta.
Tadej Pogačar é um jovem de 25 anos, ciclista profissional esloveno que, entre muitas outras provas (7 triunfos só na última época), venceu 3 vezes a Volta a França, a prova mais conceituada do ciclismo mundial (sendo o tricampeão mais jovem do Tour de France), venceu o Giro de Itália, considerada a segunda prova do ciclismo mundial, e venceu dezenas de etapas e de provas de ciclismo em vários Países.
Em declarações na página do Instagram da Fundação que tem o seu nome, disse “Quando eu era mais jovem, nunca imaginei que teria tanta sorte; honestamente, não me sinto muito confortável com esse dinheiro”. E acrescentou “Sei como as pessoas que lutam e precisam de ajuda se sentem”.
É o ciclista mais bem pago do mundo, recebendo 6 milhões de euros anuais, além dos patrocínios pessoais.
O ano passado, o seu País, a Eslovénia, foi gravemente afectada por cheias, teve a pior inundação de que tem memória, com grandes deslizamentos de terra, pontes destruídas e inúmeras estradas e ferrovias cortadas e intransitáveis, fazendo, pelo menos, seis mortos, e deixando muitas famílias em situação de necessidade.
Tadej Pogačar disse "A minha família sempre me ensinou a partilhar a minha felicidade e a ajudar as pessoas necessitadas. Estes valores são muito importantes para mim. O meu grande desejo é ajudar". E acrescentou "Estamos a começar o ano após as inundações devastadoras com a recolha de pedidos de famílias afetadas pelas cheias. As pessoas podem candidatar-se a ajuda através do Website ou por correio."
Iúri Leitão é um ciclista português, que participou nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, e que ontem ganhou a medalha de prata. Quando o seu principal adversário (francês) caiu durante a última corrida, preferiu esperar, porque “não queria ganhar uma medalha de ouro assim”. Mais palavras, para quê?
A solidariedade nem sempre é uma palavra vã. O desporto, onde muitas vezes a ganância, o exibicionismo e a ostentação de quem usufrui o “vil metal” se sobrepõe ao infortúnio, ao sentimento colectivo e ao humanismo, também nos dá estes bons exemplos, sejam clubísticos sejam individuais, que nos demonstra que o mundo não está perdido no egoísmo, na sobranceria e na idolatria balofa.