A vinculação é uma relação emocional muito próxima, profunda e duradoura, onde abunda o afeto recíproco e que junta uma pessoa a outra no tempo e no espaço. Basicamente trata-se de uma condição primária básica, inerente ao ser humano, sendo tão essencial como qualquer outra necessidade tal como a alimentação e o sono, caracterizando-se pelo desejo de manutenção de proximidade.
No caso particular das crianças a figura de vinculação é a figura materna, podendo ser também um substituto materno, caracterizando-se sempre por ser uma figura seletiva, uma vez que a criança procura a proximidade física, rodeada de conforto e segurança.
O comportamento de vinculação, é um comportamento, ação ou reação, que origina uma relação de grande proximidade da criança com a sua figura de vinculação, concluindo-se que as figuras de vinculação são fundamentais e imprescindíveis. São elas que asseguram os cuidados emocionais mas também os físicos, que proporcionam a consistência e sensação de securização na vida das crianças e realizam investimento emocional na criança.
Vejamos os comportamentos de sinalização, como o sorriso e a vocalização, que pretendem alertar a figura de vinculação para o interesse da criança na interação com o objetivo de a levar até ela, comportamentos desagradáveis e aversivos, como o chorar, que nada mais são do que comportamentos de alerta, cujo o objetivo primordial é trazer a figura vinculativa até junto da criança, e os comportamentos dinâmicos da criança, que passam por obter a proximidade do cuidador ou da figura vinculativa.
Basicamente uma relação de vinculação é uma relação que se vai construindo e desenvolvendo de forma gradual, acompanhando e ajustando-se às diferentes fases de desenvolvimento, não acontecendo de forma imediata, aquando do nascimento da criança.
É importante salientar a importância e respetiva qualidade das primeiras interações da criança no seio da família, com a respetiva figura de vinculação, pois o estabelecimento destas interações possuem uma forte interferência no desenvolvimento da criança, na estruturação do seu sistema vinculativo, bem como das suas competências para estabelecer laços de afeto no decorrer da sua vida.
Por conseguinte sabemos que a vinculação com as respetivas figuras representativas irão “moldar” cada um de nós na idade adulta, e daí a sua importância na construção do nosso Eu e consequentemente na nossa saúde mental.
Vejamos então os diferentes tipos de vinculação:
- Na vinculação segura, constata-se que as necessidades da criança na grande maioria das vezes foram asseguradas, implicando um crescimento com a perceção de serem amadas, e consequentemente conseguem confiar nas pessoas, estabelecer relações facilmente, possuem uma curiosidade de explorar e descobrir o mundo. Conseguem regular-se emocionalmente.
- Na vinculação insegura ambivalente, verifica-se que as necessidades estiveram respondidas de modo irregular e inconsistente, crescendo com a perceção de que os outros são imprevisíveis e que o carinho e conforto não são garantidos. Com baixa auto-estima, tentam sempre agradar aos outros, podendo vir a ser people pleasers para garantirem serem aceites e amados.
- Na vinculação insegura evitante, comprova-se que estamos perante crianças negligenciadas, que consideram que não se pode contar com as pessoas, desistindo muitas vezes das relações estabelecidas. Não conseguem descrever e expressar emoções. Solitários e por vezes hostis.
- Na vinculação desorganizada, conclui-se que na maioria do tempo as crianças foram negligenciadas nas suas necessidades básicas de conforto e amor, e quando atendidas foram de forma violenta abusiva. Vêem o mundo e os outros como fonte de perigo e não confiável. Ausência de consistência na construção do seu próprio Eu.
Podemos então afirmar que todos queremos uma resposta emocional da outra pessoa, representativa do quanto somos importante para ela, de que somos vistos, amados, que somos considerados, tratando-se de uma necessidade de vinculação que todos partilhamos em comum enquanto seres humanos, e que se inicia desde logo na infância.
No fundo, quanto mais nos conectamos e seguros nos sentimos menos reactivos seremos nas relações. Quanto mais se experiencia a desconexão, mais angustiados nos sentimos nas relações aumentando também as possibilidades de conflito e de mau-estar.
Vinculemo-nos, todos, de forma segura e saudável!