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Carla Henriques

Mãe | Encaro cada desafio com a convicção de que há sempre um bem maior pelo qual vale a pena lutar e permanecer | Licenciada em Direito | Diretora de Compliance | Acredito na formação e com ela aposto na justiça e crescimento pessoal, mas acima de tudo, na procura da felicidade | Vivo na serenidade da Figueira da Foz, onde o mar é o meu eterno refúgio e conselheiro.

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Tema: TerapiaData de Publicação: 11/03/2025, 11h30
Faço Terapia, Mas Não Sou Maluca!
Terapia de grupo ©Freepick
Terapia de grupo ©Freepick

Hoje quero abordar um tema que ainda é considerado tabu na nossa sociedade: a terapia. Infelizmente, muitos ainda veem a terapia apenas como algo destinado a pessoas com problemas graves de saúde mental ou a “malucos”.

Faço Terapia, Mas Não Sou Maluca!

Durante muito tempo hesitei dizê-lo. Quando alguém perguntava como estava, engolia a resposta verdadeira e soltava um automático “estou bem”, quando na verdade o meu coração, o meu olhar, a minha alma e o corpo gritavam o contrário.

A terapia continua a ser vista com um certo estigma, como se fosse um sinal de fraqueza, como se só quem estivesse “maluca/o” precisasse dela. Mas a verdade é que faço terapia. E não, não sou maluca. Só sou humana. Consciente. Vivo num mundo que me exige demais, que me pede respostas imediatas, que me cobra produtividade até nos momentos de descanso, que me pede sorrisos quando não os quero mostrar, que me pede respostas quando ainda não é tempo para as ter nem dar.

Às vezes, sinto que a minha mente é um armário onde fui empurrando emoções e medos, acumulando tanta coisa que já nem sei por onde começar a arrumar. E a terapia é isso: um espaço onde posso esvaziar, reorganizar, entender o que carrego e porquê. Um espaço onde posso decidir o que guardo ou deito fora.

Aos poucos, percebi que fazer terapia não significa estar quebrada/o. Significa querer cuidar de mim mesmo/a. Significa conceder-me a oportunidade de me entender melhor, de me conhecer mais profundamente, de lidar com os meus traumas, de construir relações mais saudáveis e de procurar respostas para as perguntas que ainda não foram respondidas.

Se cuido do meu corpo quando ele adoece, por que não fazer o mesmo com a minha mente? Com a minha alma?

Não sei quando percebi que precisava de terapia. Talvez o pior, na minha cabeça, até já tivesse passado. Não foi depois de uma grande tragédia. Já tinha ficado para trás há algum tempo. Não houve um momento dramático de colapso. Tinha havido vários e tinha resistido. Foi num dia qualquer, banal, enquanto bebia café que percebi que já não sabia como me sentia. Já não me reconhecia. Passei tanto tempo em modo piloto automático, a fingir estar bem, que me tornei uma estranha para mim mesma.

Acho que foi este o gatilho. Foi nesse momento que decidi procurar ajuda. A terapia não me deu respostas prontas, nem resolveu a minha vida como num passe de mágica. Continua a não dar. Continua a fazer-me pensar. Mas, a terapia, deu-me ferramentas. Ensinou-me a entender os meus padrões, a dar nome às minhas emoções, e, acima de tudo, a ouvir-me sem me julgar. Mostrou-me que não preciso ser forte o tempo todo, que não há problema em sentir medo, raiva, tristeza, dor. Que posso e devo ser honesta e dizer tudo o que penso, sem receios ou medo de julgamentos.

Vivemos num mundo que nos empurra para a frente sem nos deixar parar para respirar. Mas a terapia foi o meu travão, o meu espaço de pausa, onde pude e posso, finalmente, ver-me. Se eu precisava? Sim. Se sou 'maluca' por isso? Não. Sou apenas alguém que quer aprender a viver melhor.

"Embora o mundo esteja cheio de sofrimento, também está cheio de superação dele." — Irvin D. Yalom

Se há algo que a terapia me ensinou, foi a deixar de ser tão dura comigo mesma. Sempre tive o hábito de me culpar por tudo. Se algo corria mal, a primeira voz que ecoava na minha cabeça era a do julgamento: 'Fiz algo errado', 'Não sou suficiente', 'Devia ter sido melhor'. Durante anos, carreguei esse peso sem me dar conta do quanto ele me oprimia. Na terapia, aprendi a olhar para mim com mais ternura. Compreendi que falhar não me torna menos digna, que as minhas dores merecem ser ouvidas, que pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, mas sim de bravura. Que aceitar ser diferente é preciso. Não compreendo por que demoramos tanto a aceitar que cuidar da mente é tão essencial quanto cuidar do corpo. Ninguém diz 'fiz fisioterapia para recuperar um músculo, por isso sou fraco'. Então, por que pensar assim sobre a terapia? Hoje, continuo o meu processo de cura. E pretendo continuar a fazê-lo…

Já não me pressiono para conseguir ter respostas. Não tenho, ainda, todas as respostas, e isso já não me preocupa nem incomoda, porque sei que estou no caminho certo!

E, o principal, é aprendi que tratar-me com amor é a maior cura de todas!

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