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Hernâni Caniço

Médico, Doutorado pela Universidade de Coimbra, Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos, Competência em Gestão de Serviços de Saúde, Vereador na Câmara Municipal de Coimbra, Membro da Comissão Política Concelhia e da Comissão Política da Federação Distrital de Coimbra do Partido Socialista.

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Tema: Genocídio em GazaData de Publicação: 17/04/2025, 10h41
O mundo cruel
mohammed-al-bardawil-uNinlSRrRPo ©unsplash
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Mais de 50.000 palestinianos, que são seres humanos, foram mortos à bomba em Gaza, quase todos civis, incluindo mulheres e crianças, a pretexto de retaliação pelo assassinato de 1.500 israelitas pelo grupo terrorista Hamas, cometendo-se um crime (muitos crimes) para combater outro crime (mais crimes).

Hospitais, campos de refugiados, montes de destroços habitados por sobreviventes palestinianos são bombardeados pelos israelitas, com o fim de executar uma limpeza étnica e deixar terreno para o que hoje Trump, seu aliado alucinado, quer construir, uma nova “Riviera” e um qualquer negócio, com dólares e ambição.

De norte a sul, de este a oeste, o mundo protesta, com palavras meigas ou agressivas, com negociações de salão e riqueza, com proclamações que não passam de declarações sem eficácia, mas nada faz para terminar o sofrimento e o massacre de inocentes, que só têm culpa de ter nascido no apocalipse.

Não é humano fomentar a guerra, enxertar mortes sobre mortos, agravar condições de vida miseráveis, fazer do ato de matar um ato banal, negar condições humanitárias de sobrevivência, varrer com projéteis tudo o que mexe, negar a condição humana por razão étnica, destilar o ódio provocando ricochete de mais ódio.

As Nações “Unidas” são boicotadas pelos senhores da guerra, o dono do mundo mais parece um primata sem sentimentos, as sanções económicas não são uma “arma”, um criminoso de guerra israelita alapa-se ao poder para não ser preso por corrupção, o território ocupado da Palestina não merece reclamação, quase não há Palestina para um povo com identidade.

A “União” Europeia está mais preocupada com as suas portas e o sádico Putin, os reféns israelitas são um joguete nas mãos de terroristas do Hamas e do Governo de Israel, muitos prisioneiros palestinianos não têm culpa formada, crimes de guerra são o quotidiano desvalorizado, nem os médicos e outros profissionais de saúde são respeitados, o genocídio de Israel contra os palestinianos continua.

As televisões alertam para imagens sensíveis e violentas, mas nada parece impedir a insensibilidade dos decisores, os interesses dos poderosos, o ódio de quem nada mais tem para dar, em ser humano. A fome, a indigência, as doenças, a degradação humana, tornam o agressor nauseabundo, mas dominador. E passa-se à notícia seguinte...

A guerra dita militar que respeita os civis e que já se estende à Cisjordânia, o sistema de apartheid de Israel, a ocupação ilegal do território palestiniano e o bloqueio ilegal à ajuda humanitária imposto a Gaza, tratar os palestinianos como infra-humanos, merecem que o mundo cruel seja menos cruel. Denunciar o genocídio é pouco.

Segundo a Wikipédia, desde 7 de outubro de 2023, Israel assassinou 200 jornalistas e profissionais da comunicação social, mais de 270 funcionários da ONU, 22 funcionários da Cruz Vermelha, 33 funcionários do Crescente Vermelho e 254 trabalhadores humanitários. Milhares de outros cadáveres estarão sob os escombros de edifícios destruídos.

A revista The Lancet estimou mais de 70.000 mortes devido a ferimentos traumáticos. O número de feridos é superior a 114.000, Gaza tem o maior número de crianças amputadas per capita do mundo. Em março de 2025, apenas 10 dos 36 hospitais de Gaza estavam funcionando completa ou parcialmente, 84% dos centros de saúde foram destruídos ou sofreram danos.

Mais de 1,9 milhão de palestinianos (90% da população de Gaza) foram deslocados à força. Israel também destruiu vários edifícios culturais, como todas as 12 universidades de Gaza, 80% de suas escolas, e várias mesquitas, igrejas, museus e bibliotecas.

São medidas imperiosas e urgentes, secundadas pela Amnistia Internacional,  impor o direito internacional (responsabilizando o Hamas e o Governo de Israel), aplicar a monitorização dos crimes de guerra (responsabilizando os mesmos), exigir a libertação dos reféns israelitas e a averiguação da situação criminal dos prisioneiros palestinianos, promover a prestação da ajuda humanitária que é precisa, assumir a recusa de transferência de armas e assistência militar a Israel, cumprir as medidas do Tribunal Internacional de Justiça pondo fim ao genocídio, a ação diplomática eficaz do mundo civilizado, o abandono da ocupação ilegal de Gaza por Israel.

Em Gaza, estão filhos de um deus menor, sem direitos, exceto à morte.

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