O executivo autárquico da direita conservadora em Coimbra continua a culpabilizar anteriores executivos, socialistas, de todos os males do mundo e arredores, justificando assim a sua inação perante problemas da cidade que é necessário resolver e cujos moradores não têm culpa.
Para esse executivo, o que importa é invocar o que foi feito e o que não foi feito pelos antecessores, quais crianças citando “foi aquele menino”, descartando assim as suas responsabilidades de cumprimento da sua missão a que se propuseram, via promessas de encantar.
Conhecendo a realidade da cidade e os seus problemas, bem resolvidos ou nem tanto, assumiram um compromisso para com os cidadãos que os elegeram e que neles confiaram. Infelizmente, o passa-culpas é o lema deste executivo conservador.
Junto à Urbanização da Quinta da Portela, em Coimbra, a maior urbanização da cidade, há graves problemas rodoviários, com frequentes acidentes de trânsito, resultantes da estrutura viária, da topografia, da falta de visibilidade e da falta de sinalética adequada. O número de lugares de estacionamento não cumpre a legislação em vigor, atenta a criação da ciclovia.
Vem aí mais um período estival.
Quanto à Praia do Rebolim, necessita urgente requalificação, com medidas que salvaguardem a qualidade da água (recordamos que está em zona de proteção intermédia das captações de água da Boavista), infraestruturas funcionais e de qualidade estética (sanitários públicos, pontos de acesso a água potável e balneários de apoio a atividades desportivas), receção de jovens dos estabelecimentos de ensino que permita a educação ambiental, e controlo da poluição do parque de estacionamento, fossa séptica e lixo dos bares (beatas, plásticos, etc.).
Ao que parece, o executivo pretenderá regenerar a galeria ripícola numa faixa de 30 metros a partir do rio, mas é necessário alargar a intervenção à área restante da margem, que tende a converter-se em enorme acacial.
Deveria tratar-se a margem como um jardim, selecionando a vegetação, mantendo a vegetação ripária (sobreiro, carvalho, loureiro, sabugueiro, etc.) e removendo as plantas que afetam este ecossistema. Também excluir o uso de maquinaria pesada, criar um centro de produção de mudas, envolver a comunidade em regime de voluntariado. E ainda hortas biológicas urbanas, criação de fruteiras, trilhos pedestres e cicláveis, pontos de observação e fruição da natureza (são 2 Km de extensão!).
Mas... é sempre um mas! Mas é possível recorrer ao financiamento de alguns programas comunitários
(https://ec.europa.eu/info/funding-tenders/opportunities/portal/asreen/home), com a parceria da CMC e da Universidade.
Por último, se não for feita a estabilização da zona da margem direita frente à foz do rio Ceira, o rio estará próximo da via rápida.
A maioria destas ideias (com algumas adicionais), já foi expressa ao executivo atual da CMC (e até em carta aberta pública na comunicação social), através das Associações de Moradores da Quinta da Portela, Mondego Nascente e Mondego Vivo, mas o resultado, do que se pode observar, é “zero”.
Não vamos citar a numerosa legislação que sustenta estas ideias, e que também é conhecida do executivo, mas o executivo não cumpre o Decreto-Lei 130 /2012, de 22 de Junho (Lei da Água), art. 33º, alíneas de a) a e) e alínea a) do nº 5 do mesmo artigo, em referência à extensão da albufeira entre o Rebolim e a Portela, que consiste na limpeza e desobstrução dos álveos das linhas de água, a reabilitação de linhas de água degradas e das zonas ribeirinhas, a prevenção e proteção contra os efeitos da erosão de origem hídrica, a correção dos efeitos da erosão, transporte e deposição de sedimentos, e a renaturalização e valorização ambiental e paisagística das linhas de água e zonas envolventes.
Assim vai o executivo autárquico, que pretende reeleição. É hora de dar lugar a um executivo progressista.
Hernâni Caniço