A Câmara Municipal (CM) de Coimbra formalizou hoje, dia 20 de agosto, a escritura de aquisição de dois imóveis localizados na Rua do Sargento-Mor, junto ao Adro de Cima, em pleno centro histórico da cidade, de acordo com o comunicado enviado à Central Press.
A escritura decorreu esta tarde na Sala Sílvio Pélico, na CM de Coimbra. Estiveram presentes a notária, os herdeiros e representantes legais dos imóveis e o presidente da Câmara, José Manuel Silva.
Os edifícios integram um “exemplar raro” de casa urbana de tipo quinhentista, representativa de uma tipologia habitacional praticamente desaparecida em Portugal. O valor global da aquisição foi de 170 mil euros.
A “Casa Medieval” — assim designada na documentação técnica — localiza-se na zona classificada como Património Mundial da UNESCO e encontra-se abrangida por várias Zonas Especiais de Proteção. A operação visa garantir a preservação e a valorização de um bem considerado de elevado valor histórico, simbólico e arquitetónico. O edifício distingue-se pela sua volumetria e estrutura tradicional, composta por rés-do-chão e três pisos superiores, tendo acolhido diferentes usos ao longo do tempo, entre habitação, comércio e indústria.
No parecer que acompanha o processo, Luísa Trindade, doutorada com agregação em História da Arte e docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, refere que se trata de um “exemplo raro de habitação corrente urbana de finais da Idade Média e inícios da Época Moderna”, com elementos como sobrados e fachadas em ressalto, típicos dessa época. A especialista sublinha, ainda, que Coimbra não pode “perder a oportunidade de promover, de forma qualificada, a ‘Casa Medieval’ (a designação mais correta será ‘Casa de tipo quinhentista’) como mais uma peça fundamental do seu centro histórico, desde 2013 inscrito na lista dos bens considerados património da humanidade”.
Os serviços técnicos municipais reforçam esse entendimento, classificando o imóvel como um “testemunho arquitetónico e urbano de elevado valor patrimonial”. A sua integração na rede de património municipal é vista como uma oportunidade estratégica para reforçar a identidade histórica da cidade, estando prevista a sua futura inclusão em roteiros culturais, educativos e turísticos.