O deputado do PSD Almiro Moreira acusou esta quarta-feira o último governo do PS de ter governado à custa da inflação no ano de 2023.
O parlamentar aveirense falava na Comissão de Orçamento numa audição do Tribunal de Contas (TC) sobre o parecer deste organismo quanto à conta geral do estado daquele ano, interrogando-se sobre se as finanças públicas eram mais
sólidas ou se foram mascaradas por efeito conjuntural.
“Precisamos de escrutinar até onde vai o efeito conjuntural e onde começa, verdadeiramente, a sustentabilidade das nossas contas. O PSD estará sempre do lado da sustentabilidade, da boa gestão e de saldos positivos, mas nunca do lado do aproveitamento político de uma conjuntura que nada teve a ver com o mérito governativo” – Almiro Moreira.
Em recordação da governação do PS à época e a considerar que “falhou nas suas previsões”, o deputado do PSD acusou os socialistas de terem beneficiado de uma receita inesperada sem traduzir “esse esforço [dos portugueses] em melhores serviços, maior investimento estrutural ou em reformas do estado, limitando-se a capitalizar um contexto económico inflacionista, que todos pagamos, sobretudo as famílias com menores rendimentos”.
“Mesmo com um saldo maior do que o previsto, o governo do PS deixou os portugueses a sofrer, com médicos, polícias, enfermeiros, professores a quererem melhores condições salariais, e com serviços públicos mínimos e degradados, o que, como viemos a verificar, estamos a corrigir desde 2024” - Almiro Moreira.
O deputado aveirense saudou o relatório do TC ali em discussão, dando-o como “útil e relevante” para o escrutínio das contas públicas e em particular sobre a conta geral do estado de 2023.
Na nota de imprensa o deputado refere que aquele ano “foi marcado por algo anormalmente negativo para a economia, mas que no final foi muito vantajoso para as contas públicas – a inflação”, que, na sua ótica, gerou receitas extraordinárias para o estado, que o governo do PS não tinha previsto e que não soube gerir com responsabilidade”.
Almiro Moreira sublinhou que o governo previa um crescimento real de 1,3 por cento quando acabou por ser 2,3 e uma inflação de 4 por cento quando chegou aos 5,3, o que resultou num PIB nominal a crescer 9,4 por cento contra os 4,9 previstos, resultando em mais de sete mil milhões de euros de receita fiscal e contributiva com que o governo não contava.
“Os números mostram que o saldo positivo de 2023 não resulta de uma boa governação nem de uma gestão prudente das finanças públicas. Resulta, sim, de uma inflação inesperada, que penalizou as famílias e as empresas, que o governo do PS aproveitou praticamente em exclusivo para arrecadar impostos, aliás, em valor recorde” – notou Almiro Moreira, concluindo que o cenário repetiu-se quanto à dívida pública, cuja queda de 13,3 pontos percentuais do rácio da
dívida versus PIB “foi alimentada, em mais de metade, pela inflação”.