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Estrutura das redes sociais reforça polarização política dos jovens

Redação Central Press/
25/09/2025, 11h58
/
3 min
Redes sociais @Erik_Lucatero
Redes sociais @Erik_Lucatero

Um estudo conduzido por investigadores Gil Baptista Ferreira e Lourenço Silva Ferreira, da Escola Superior de Educação de Coimbra, alerta para o impacto das redes sociais na forma como os jovens portugueses, dos 18 aos 21 anos, vivem a política. Os sinais indicam que a arquitetura das plataformas digitais está a reforçar divisões e "a fragilizar os princípios de uma sociedade democrática", de acordo com o comunicado enviado à Central Press.

Os investigadores verificaram que os jovens com atitudes populistas são 27% mais propensos a expressar polarização afetiva, em comparação com os que apresentam posições mais moderadas. Em números absolutos, quase metade dos jovens populistas inquiridos (48,1%) manifestou hostilidade emocional face a quem pensa politicamente de forma diferente, contra apenas 37,9% dos jovens com posições moderadas.

Segundo os investigadores, o apoio a discursos característicos da direita radical, como o combate à chamada “ideologia de género”, revelou-se igualmente associado a níveis mais elevados de antagonismo. Entre os que subscrevem estas narrativas, 24,6% apresentaram sinais de polarização, contra 17,8% entre os que as rejeitam. Ou seja, a adesão a discursos populistas de exclusão e confronto reforça a divisão entre grupos e fragiliza a coesão democrática.

O estudo revela também que a arquitetura das plataformas digitais tem impacto direto nas atitudes políticas. Entre os utilizadores do X (antigo Twitter), 27,6% foram classificados como polarizados, enquanto no Instagram essa proporção desce para 20%. A diferença pode parecer modesta, mas representa um aumento de 38% no risco de polarização associado ao X, uma rede centrada no confronto público e na velocidade da reação. Já o Instagram, mais visual e identitário, gera um ambiente menos propício ao conflito aberto.

“Estamos perante um fenómeno que vai muito além do ecossistema digital”, sublinha Gil Baptista Ferreira, investigador principal do projeto. “Os jovens eleitores já não são apenas influenciados por partidos e candidatos, mas também por algoritmos que favorecem a divisão e dificultam o diálogo e a coesão social. Este estudo deve ser entendido como um alerta para educadores, decisores políticos e para a sociedade em geral”, conclui.

“A polarização digital está a moldar a forma como os jovens encaram a política e os seus pares. Se não for compreendida e mitigada, pode comprometer os fundamentos do debate democrático em Portugal”, acrescenta Lourenço Silva Ferreira, coautor do estudo.

Os investigadores sublinham a necessidade de se investir em programas de literacia mediática que ensinem a interpretar criticamente os conteúdos online e em medidas que garantam maior transparência algorítmica, reduzindo a formação de bolhas digitais.

O estudo foi conduzido por Gil Baptista Ferreira e Lourenço Silva Ferreira, entre 26 de fevereiro e 5 de março de 2024. A amostra incluiu 130 jovens portugueses, primeiros-votantes nas eleições legislativas de 10 de março de 2024, com idades entre 18 e 21 anos, todos utilizadores de pelo menos uma rede social. O inquérito foi realizado online. Trata-se de um estudo exploratório, com amostragem de conveniência, que não é representativo da população jovem portuguesa, mas permite identificar padrões e tendências relevantes sobre o impacto das redes sociais na formação política.

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