A homenagem a Sérgio Godinho foi o ponto alto da abertura do Ano Académico na Universidade da Beira Interior (UBI). Na cerimónia que assinalou o início do ano letivo 2025/2026, a entrega do Doutoramento Honoris Causa a um dos mais influentes artistas portugueses das últimas décadas cruzou a carreira de Sérgio Godinho com a mentalidade própria de uma academia universitária: o cultivo do engenho, da arte e da ousadia intelectual, de acordo com nota de imprensa enviada à Central Press.
“Hoje, celebramos, em conjunto, a Academia, os desafios de um novo ano académico e, num momento especial, a cultura, homenageando Sérgio Godinho, numa proposta apresentada pela Faculdade de Artes e Letras e acolhida com entusiasmo por toda a comunidade académica”, disse a reitora da UBI, Ana Paula Duarte, praticamente no início do discurso, na tarde do dia 8 de outubro.
“Sérgio Godinho é um exemplo do engenho e da arte, da capacidade de criar, de inovar, de pensar, de ousar, de agir, um exemplo do que procuramos, diariamente, transmitir aos nossos estudantes”, referiu a Reitora, acrescentando o desejo de que o percurso e o exemplo do artista inspirem as novas gerações. “Neste, que é o seu primeiro dia do resto da sua vida na família Ubiana, que nos ajude a afirmar uma Universidade dinâmica, inclusiva e de olhos postos no futuro”, pediu Ana Paula Duarte, que tinha destacado a voz ativa do músico, compositor, poeta, escritor, na defesa de um Portugal mais justo, mais inclusivo, mais livre, “num momento em que pairam algumas nuvens sobre as conquistas civis, políticas e sociais alcançadas nas últimas décadas”.
Tendo como madrinha Anabela Mota Ribeiro, Sérgio Godinho subiu ao palco, onde foi aplaudido como ao longo da carreira. Ao contrário do habitual, não foi pelas canções, mas pelo tributo da UBI. As canções, no entanto, não ficaram arredadas na intervenção, tendo falado delas no seu discurso: “A canção é a união de facto entre duas formas de expressão, chamemos-lhes ‘artes’ para simplificar. A canção começa a acontecer no conhecimento mútuo, no diálogo, nas zangas, nos gestos de amor e de interrogação, no acasalamento improvável dessas duas entidades: palavra e música”. E sobre a forma como as trabalhou, disse à plateia: “As palavras organizam-se em frases, antes de tudo o resto. Fui encontrando a sua música própria, aquela que andava pelos ares, à procura de saber em que mão pousar”.
Sérgio Godinho, que manifestou “imenso orgulho e alegria” por receber a distinção, pela UBI, na Covilhã, que admitiu ser “tão próxima, por razões afetivas e familiares”, quis lembrar aqueles a que chamou companheiros de estrada. “Não vim até aqui sozinho, disso sei eu”, fazendo uma extensa lista de músicos que fizeram – e fazem – parte da sua carreira: Zeca Afonso, José Mário Branco, Manuel Freire, Carlos Paredes, Fausto, Vitorino, Jorge Palma, Clã, Rui Veloso, Márcia, Capicua, Samuel Úria, e muitos outros. “Quem diz que a música portuguesa não é pujante, não sabe do que está a falar”, considerou, antes de concluir: “Continuo ativo em várias frentes. Continuo assim esta vida de artista, sem saber como parar, mas esperando saber quando parar. Está tudo em aberto”.
A homenagem a Sérgio Godinho ficará para a história da abertura do Ano Académico da UBI, no qual a reitora dirigiu uma mensagem de boas-vindas aos estudantes, docentes e funcionários, muitos deles a iniciar o seu percurso na UBI.
“No último mês acolhemos mais de 1.250 estudantes, considerando todas as fases do Concurso Nacional de Acesso (1º ciclo), mais de 200 estudantes através do concurso especial para estudantes internacionais e outros mecanismos de acesso. No segundo ciclo tivemos a entrada de mais de 800 estudantes e, em programas de doutoramento, cerca de 200 estudantes. Somos uma Universidade atrativa, viva, e com uma oferta académica diferenciada e de excelência”, elencou Ana Paula Duarte.
E, para este ano, a expectativa passa por melhorar a oferta académica e reforçar o posicionamento da UBI no plano regional, nacional e internacional, sempre “na defesa dos interesses da UBI”.
A abertura do Ano Académico contou ainda as com a intervenções de João Casteleiro Alves, presidente do Conselho Geral da UBI, e João Nunes, Presidente da Associação Académica da UBI.