A Prémio Nobel da Literatura em 2015, Svetlana Alexievich, disse, este sábado, 11, perante uma plateia que assistiu ao tema “Fronteiras”, no FÓLIO - Festival Literário Internacional de Óbidos, que “os ucranianos não lutam pelo seu país, mas por todos nós”. Preocupada com o crescimento do populismo no mundo, a escritora bielorrussa considerou que “a liberdade é um caminho muito longo”, de acordo com o comunicado enviado à Central Press.
“Os ucranianos não lutam pelo seu país, mas para que as tropas russas não cheguem à Polónia e a outros países. Lutam por todos nós”, sublinhou Svetlana Alexievich.
A escritora bielorrussa, de 76 anos, confessou que, entre as pessoas da sua geração, ninguém pensava que a guerra ia voltar. “É um erro nosso, que não conseguimos prever”, assumiu. “Mas não somos só nós que somos românticos. Noutros países, aconteceu a mesma coisa. Agora, não podemos abrir um jornal ou um computador sem ver notícias sobre a III Guerra Mundial, que não sabemos se já começou, ou se estamos nela.”
A escrever o livro “O Fim do Homem Vermelho”, expressão que remete para o fim da União Soviética, em que retrata o medo que se vive desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a autora contou que falou com um “ativista bielorrusso que já não vive no país e que, simplesmente, fica na fronteira a cheirar e a olhar”, representando a dor dos outros cidadãos que também foram obrigados a fugir. “Deixei lá milhares de páginas de manuscritos, porque tive de sair”, recordou.