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Cientistas descobrem que a inibição de pequenas moléculas acelera a cicatrização de feridas na diabetes

Redação Central Press/
14/10/2025, 09h56
/
4 min
Equipa de investigação @CNC-UC
Equipa de investigação @CNC-UC

Em pessoas com diabetes, a cicatrização de feridas é lenta e complexa, o que favorece o aparecimento de úlceras difíceis de curar. Um novo estudo, liderado pela Universidade de Coimbra (UC) e pela Universidade de Roskilde (Dinamarca), mostra uma cicatrização quase total destas feridas ao fim de dez dias, através de uma abordagem molecular que inibe, em simultâneo, dois microARN (microRNA, na sigla em inglês), de acordo com o comunicado enviado à Central Press.

Este método pode abrir caminho ao desenvolvimento de novas terapias para melhorar o tratamento de feridas em pessoas diagnosticadas com diabetes.

“O objetivo do estudo foi investigar se bloquear dois microARN – o miR-146a-5p e o miR-29a-3p, que são pequenas moléculas que regulam a expressão genética e que descobrimos estarem aumentadas na pele de pessoas com diabetes – poderia melhorar a cicatrização destas feridas”, explicam os investigadores do grupo Obesidade, Diabetes e Complicações do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC) e do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CiBB), Ermelindo Leal e Eugénia Carvalho.

Segundo os cientistas, os resultados publicados na revista científica Diabetologia “abrem novas possibilidades para o desenvolvimento de terapias inovadoras que atuem diretamente sobre o miR-146a-5p e o miR-29a-3p, com potencial para modular processos-chave envolvidos na cicatrização de feridas, como a inflamação, o stress oxidativo, a formação de novos vasos sanguíneos e a remodelação da matriz extracelular”.

Para alcançar estes resultados, os investigadores testaram o efeito da inibição dos microARN através de moléculas desenhadas para o efeito, tanto em células humanas como em ratinhos com diabetes tipo 1. Posteriormente, foram analisadas as consequências ao nível da inflamação, formação de novos vasos sanguíneos e remodelação tecidular. Nos testes com ratinhos, a abordagem terapêutica reduziu o tamanho das feridas de forma significativa em dez dias, com alterações que levaram a uma pele mais resistente e estruturalmente mais organizada.

Ao identificar os dois microARN como alvos terapêuticos promissores, o trabalho cria bases para futuras abordagens personalizadas e mais eficazes no tratamento de feridas crónicas, especialmente em pessoas com diabetes. “Estes futuros alvos de terapia molecular podem ter o potencial de melhorar significativamente as feridas e a recuperação de doentes, podendo reduzir o tempo de internamento hospitalar, diminuir o risco de amputações e, assim, aliviar o peso económico e social associado”, avançam os investigadores da UC. Podem, igualmente, “potenciar estratégias semelhantes aplicadas a outras patologias marcadas por cicatrização deficiente ou inflamação crónica”, acrescentam.

“Este estudo tem grande relevância social, especialmente num contexto global em que a diabetes é uma doença que afeta milhões de pessoas – causando dor, infeções recorrentes, hospitalizações frequentes e até amputações – e apresenta uma tendência de crescimento contínuo”, sublinham Ermelindo Leal e Eugénia Carvalho.

Além da Universidade de Roskilde, o estudo contou com participação de cientistas de outras instituições dinamarquesas, a Universidade da Dinamarca do Sul e a Universidade de Aalborg. Na equipa do CNC-UC participou também Marija Petkovic. O estudo foi apoiado por várias entidades: Fundação Europeia para o Estudo da Diabetes; Academia Dinamarquesa de Diabetes e Endocrinologia; National Institute on Aging (Estados Unidos da América); e Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

O artigo científico Improved wound healing by dual inhibition of miR-146a-5p and miR-29a-3p supports a network action of dysregulated miRNAs in diabetic skin (Melhoria na cicatrização de feridas pela dupla inibição de miR-146a-5p e miR-29a-3p, em português) está disponível online.

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