O processo de envelhecimento é matéria de criação da nova peça de dança de São Castro e Teresa Alves da Silva. “hOLD”, peça que parte das experiências das duas bailarinas, sobe ao palco do Teatro Viriato no dia 31 de outubro, às 21h00, de acordo com nota de imprensa enviada à Central Press.
Com um percurso artístico longo e reconhecido, São Castro e Teresa Alves da Silva são bailarinas-intérpretes profissionais perto dos 50 anos, tendo em conta que, segundo o Decreto-Lei n.º 482/99, os profissionais de bailado clássico ou contemporâneo podem aceder, a partir dos 45 anos, ao regime especial de pensão por velhice.
Partindo destas circunstâncias, propõem em “hOLD" uma reflexão sobre o processo de envelhecimento enquanto fenómeno pessoal e universal que enquadra dimensões de ordem física, psicológica, social e cultural. Em palco, exploram uma narrativa diferente sobre esta transição, frequentemente associada a uma perda de capacidades, que contrasta com a realidade de indivíduos que, no decorrer deste processo, continuam a desempenhar um papel ativo e significativo na sociedade. Ao mesmo tempo que procuram olhar para o envelhecimento como oportunidade de valorizar o passado e desenvolver novas expressões para o futuro.
Com uma poética e ferocidade inerentes à passagem dos anos, “hOLD” representa "uma tentativa de agarrar o tempo para perceber como melhor prosseguir. Segurar por instantes a essência do momento presente, extraindo dele o que de facto resulta do chegar até aqui".
“Para mim, o ‘hOLD’ é, antes de tudo, um espaço do presente. Não é tanto sobre a bailarina que fomos ou sobre o que ainda poderemos ser, mas sobre aquilo que o nosso corpo é agora, nesta etapa da nossa vida, quase com 50 anos. É um território onde a identidade se revela e se transforma, uma espécie de reflexão e de descoberta”, revela São Castro. Para Teresa Alves da Silva, esta peça “é um reencontro com a dança, com o movimento, com os desafios, com as amizades. “hOLD” é e foi um processo maravilhoso, difícil por vezes, mas cheio de tudo: amor, carinho e muitas gargalhadas”. E, acrescenta, “a peça é um tributo a nós, a um presente mútuo de reconhecimento, dedicação, inspiração, partilha e tantas outras coisas”, salienta a bailarina.
Na peça, o movimento dos corpos torna-se unidade de medida do envelhecimento, mas também da maturidade das criadoras. Alguns elementos coreográficos, que outrora se sucediam de forma intuitiva, agora revelam-se com experiência e uma maior descontração perante a possibilidade de erro. “A peça nasce da consciência dos nossos limites — é evidente que o corpo já não faz da mesma forma o que fazia há 20 anos. Faz, sim, mas de outro modo, talvez com outra qualidade, outro tempo, outra entrega. É a partir daí que surge a vontade e a persistência de continuar a procurar: o corpo mostra-nos caminhos possíveis e inesperados”, explica São Castro.
Os bilhetes para “hOLD” já se encontram à venda na bilheteira e site do Teatro Viriato e na BOL.