O Partido Comunista Português (PCP) criticou esta sexta-feira a decisão do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) de encerrar novamente as urgências do Hospital Geral dos Covões, considerando tratar-se de “uma decisão errada que tem de ser revertida”.
Em comunicado, o Secretariado da Direção da Organização Regional de Coimbra (DORC) do PCP afirma que a medida foi tomada “ao serviço do governo do PSD/CDS” e representa “um novo passo no desinvestimento e desarticulação do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
Histórico e contexto da decisão
O Hospital Geral dos Covões, integrado no CHUC desde 2011, já foi alvo de restrições de serviços e urgências em diferentes momentos da última década.
O PCP recorda que a primeira tentativa de encerramento das urgências ocorreu em 2012, durante o anterior governo PSD/CDS, e cita o alerta que o partido então fez:
“O número de utentes abrangidos pela área que serve este hospital justifica a manutenção, em pleno, das urgências do Hospital dos Covões. As urgências não são gorduras, não são redundâncias, não são desperdícios.”
O partido acusa os sucessivos governos de terem mantido uma política de centralização hospitalar, iniciada com a fusão dos centros hospitalares de Coimbra, decidida em 2010 pelo governo do PS e implementada em 2011 pelo governo PSD/CDS, dando origem ao atual CHUC.
Essa fusão, sustenta o PCP, resultou numa “estrutura de anormal dimensão e complexa gestão, com uma área de influência enorme”.
Críticas à política de saúde
Na nota emitida, o PCP argumenta que “a insistência nesta medida, 13 anos depois, demonstra que a política dos governos do PSD/CDS tem como objetivo central o desinvestimento no SNS e o favorecimento do negócio da doença”.
O comunicado critica ainda a “não valorização das carreiras e dos salários dos trabalhadores do SNS”, a “retirada de valências de hospitais” e a “entrega de serviços a entidades externas”, que o partido considera sinais de “um caminho de desgaste do serviço público”.
Segundo o PCP, a transferência dos doentes para o serviço de urgência do Bloco Central dos Hospitais da Universidade de Coimbra “não é solução”, contribuindo apenas para “situações de sobrelotação e degradação das condições de atendimento”.
Apelo à mobilização
O partido termina o comunicado com um apelo à mobilização dos profissionais e utentes, defendendo “o Hospital Geral dos Covões e as suas urgências em pleno” e reiterando a “defesa intransigente do Serviço Nacional de Saúde”.
“O envio dos doentes para o Bloco Central não é solução. Apenas agravará o caos e a sobrelotação nos serviços”, conclui o texto, apelando à “luta dos profissionais e dos utentes na defesa dos seus direitos e interesses”.
Enquadramento
O Hospital Geral dos Covões, localizado em Coimbra, foi durante décadas uma das principais unidades de referência da região Centro, com valências em medicina interna, cirurgia, urgência e cuidados intensivos.
A sua integração no CHUC - que resultou da fusão entre o Centro Hospitalar de Coimbra e os Hospitais da Universidade — originou reorganizações de serviços que, desde então, têm sido alvo de debate político e social, sobretudo em torno do papel dos Covões no reforço da capacidade assistencial da cidade e da região.

