A Plataforma AGIR, movimento cívico do concelho de Ovar, divulgou um comunicado público onde repudia o que descreve como uma “campanha de desinformação” associada ao seu fundador e ex-coordenador, Jaime Gomes Milhomens, alegando que o mesmo tem promovido ações contrárias à vontade democrática do movimento.
O comunicado pretende - segundo a plataforma - “defender a verdade, a unidade interna e o respeito pelos votos dos cidadãos”, na sequência de episódios que o AGIR classifica como “sabotagem sistemática”, ocorridos antes e depois das eleições autárquicas realizadas a 12 de outubro de 2025.
Ruptura entre fundador e estrutura da plataforma
No texto, o AGIR recorda que o movimento nasceu de uma iniciativa conduzida por Jaime Gomes Milhomens, num contexto de mobilização cívica em torno das questões da saúde no concelho. O movimento viria mais tarde a estruturar-se politicamente, tendo convidado Lígia Pode para liderar a candidatura autárquica.
Contudo, de acordo com a plataforma, o período de formação das listas e dos órgãos internos ficou marcado por “choques permanentes” entre o fundador e a restante equipa de candidatos. O comunicado refere comportamentos considerados “mal-educados, abusivos e desrespeitosos” para com vários elementos da estrutura.
O afastamento formal de Jaime Gomes Milhomens ocorreu, segundo a plataforma, em 2 de setembro de 2025, incidindo sobretudo sobre a coordenação política e a gestão da comunicação.
Acusações de usurpação de páginas e comunicação não autorizada
Após as eleições, o AGIR afirma que o ex-coordenador terá mantido a gestão de várias páginas nas redes sociais que, alegadamente, “não lhe pertenciam”, passando a publicar conteúdos em nome de eleitos da plataforma sem o seu consentimento. Essas publicações, refere o movimento, terão contribuído para “fabricar uma narrativa de dissidência”, que a estrutura política nega existir.
O comunicado sublinha que “Jaime Gomes Milhomens não fala pelo AGIR”, reforçando que qualquer mensagem difundida por si “ou por páginas satélite que administra” não representa a posição oficial da plataforma e deve ser tratada como “desinformação”.
Referência a negociações externas
A plataforma aponta ainda o que descreve como tentativas de “conluio de bastidores”, alegando que Jaime Gomes Milhomens terá conduzido conversações com outras forças políticas sem legitimidade para o fazer, mencionando em particular contactos envolvendo o Partido Socialista e o Movimento 2030.
Segundo o AGIR, estas ações teriam como objetivo constituir uma “coligação negativa” na Assembleia Municipal, destinada a criar instabilidade política. O movimento frisa que os seus eleitos no órgão deliberativo “são cidadãos de reconhecido valor” e que não integram qualquer iniciativa de divisão interna.
Defesa da liderança e ambiente pós-eleitoral
O comunicado refere ainda ataques dirigidos à líder da plataforma, Lígia Pode, que o AGIR interpreta como uma tentativa de enfraquecer a direção e promover uma narrativa de caos. Segundo o documento, essas ações fazem parte de “uma agenda pessoal”, não representando o projeto político aprovado nas urnas.
A plataforma afirma não se deixar condicionar por “táticas de coação ou campanhas de ódio”, sublinhando que o foco institucional permanece na “transparência, no trabalho e na lealdade para com os cidadãos de Ovar”.
Compromisso pós-eleitoral
A fechar, o comunicado destaca três pontos centrais:
- Jaime Gomes Milhomens não representa o AGIR, nem tem legitimidade para comunicar em nome da plataforma.
- O AGIR não tem dissidentes, mas apenas um ex-coordenador que, segundo o movimento, desenvolve uma campanha negativa.
- A prioridade permanece no cumprimento do mandato e no respeito pelos votos recebidos a 12 de outubro.
A plataforma conclui que “Ovar precisa de quem constrói” e que a escolha entre propostas de futuro e agendas individuais “é agora clara para todos”.
