Um projeto de investigação, liderado pela Universidade de Coimbra (UC), está a estudar o papel de uma proteína, chamada TDP-43, na doença de Alzheimer, de acordo com nota de imprensa enviada à Central Press.
Embora se saiba que a referida proteína se encontra desregulada em outras patologias, na doença de Alzheimer é ainda pouco estudada, embora existam indícios de que está alterada na doença, contribuindo para a neurodegeneração. A investigação pode vir a abrir caminho à identificação de futuros alvos terapêuticos.
“A TDP-43 é uma proteína de ligação ao RNA que afeta muitos alvos sinápticos (os destinatários da comunicação neuronal), e os defeitos sinápticos são uma via central da doença de Alzheimer. Nesta doença, esses alvos podem ser afetados, perdendo a capacidade de responder de forma correta, o que contribui para o declínio cognitivo”, explica a investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC) e do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CiBB), Ana Rita Quadros.
Ana Rita Quadros, que coordena a investigação na UC, elucida que “a doença de Alzheimer é uma perturbação caracterizada por perda neuronal progressiva e disfunção sináptica, conduzindo a um declínio cognitivo severo”. “A proteína TDP-43 tem sido identificada em 20 a 50% dos pacientes com Alzheimer, estando associada a maior probabilidade de declínio cognitivo e a uma atrofia cerebral mais rápida”, revela.
Para estudar o papel desta proteína na doença, o projeto de SynTDP: Decoding the contribution of TDP-43 for synaptic failure in Alzheimer's Disease (Descodificando a contribuição da TDP-43 para a falha sináptica na doença de Alzheimer, em português) vai estar em curso até agosto de 2027. É financiado com mais de 207 mil euros (207 183,12 euros, mais precisamente) no âmbito das Ações Marie Skłodowska-Curie Post-doctoral European Fellowships, promovidas pela Comissão Europeia. Tem como supervisora a docente do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC e investigadora do CNC-UC e do CiBB, Ana Luísa Carvalho, especialista em biologia sináptica das doenças.
Perante a hipótese de a perda de função da TDP-43 na doença de Alzheimer conduzir a defeitos nos alvos sinápticos de RNA, que por sua vez contribuem para disfunção sináptica e défices cognitivos, Ana Rita Quadros vai estudar “tecidos post-mortem de pessoas com Alzheimer, células estaminais pluripotentes induzidas (células que podem dar origem a qualquer célula do corpo humano) e modelos animais para caracterizar o impacto da perda de TDP-43 na função e composição sinápticas, cruzando estes resultados com as alterações de RNA decorrentes dessa perda de função”, partilha a investigadora.
“Estudar a possibilidade de a perda de função da proteína TDP-43 em pessoas diagnosticadas com Alzheimer conduzir a defeitos nos seus alvos sinápticos de RNA – que, por sua vez contribuem para a disfunção sináptica e, consequentemente, para os défices cognitivos – será fundamental para melhor conhecer a progressão da doença e identificar alvos terapêuticos para a restauração funcional de neurónios”, sublinha Ana Rita Quadros.
Para o desenvolvimento do projeto, Ana Rita Quadros vai contar também com o apoio do Hospital Geral de Massachusetts (Massachusetts General Hospital) e da Escola de Medicina de Harvard (Harvard Medical School).
