A temporada de apresentações de “Dói-me o corpo de jazer nessa esperança” na Oficina Municipal do Teatro (OMT) está a chegar ao fim. "O Teatrão quer, antes de mais, agradecer aos públicos que, apesar dos dias de tempestade que se fizeram sentir na semana passada, marcaram presença na Sala Laborinho Lúcio da OMT e pelos entusiásticos comentários que têm feito ao espetáculo", de acordo com nota de imprensa enviada à Central Press.
“Dói-me o corpo de jazer nessa esperança” surge de um trabalho artístico colaborativo entre o Teatrão e o teatromosca e faz as suas récitas finais em Coimbra esta quarta e quinta às 19h00, sexta e sábado às 21h30, e domingo às 17h00. Nos dias 19 e 23, quarta e domingo, as sessões incluem audiodescrição e a entrada para o reconhecimento de palco será feita 30 minutos antes do início de cada uma destas apresentações.
No cerne das várias parcerias que ajudaram a construir este espetáculo, está uma vontade de desafiar, juntar e reunir pessoas. Por isso, o Teatrão voltou a chamar para este processo artístico um artista que tem vindo a trabalhar com a companhia ao longo dos anos. Victor Torpedo é o autor da muito elogiada banda sonora original do espetáculo, que está agora disponível para escuta e compra através do Bandcamp em teatrao.bandcamp.com
Victor Torpedo é um nome incontornável no panorama cultural da cidade. O guitarrista saltou para a vanguarda da música conimbricense com os Tédio Boys e, desde então, tem tido mão em alguns dos projetos mais desafiantes a brotarem da cidade. The Parkinsons, Blood Safari, Tijuana Bible, Subway Riders, Victor Torpedo & The Pop Kids são apenas algumas das bandas que contam com as contribuições do músico, aos quais se juntam os seus projetos a solo. Desde 2019, tem-se aventurado pelos caminhos do teatro, dando início a uma colaboração regular com o Teatrão. Neste âmbito, tem assumido a curadoria de parte da programação de música da Tabacaria da OMT e a direção musical de espetáculos. Depois de “Richard’s” (2019, a partir de Ricardo III de William Shakespeare), “da Família” (2021, de Valério Romão) e “Ti Coragem & Filhos Lda.” (2023, de Bertolt Brecht), chegamos em 2025 a “Dói-me o corpo de jazer nessa esperança”. Nesta quarta colaboração entre o artista e a companhia, os desafios impostos pela proposta cénica pediam um outro tipo de registo. E, por isso, Victor Torpedo superou-se e criou um corpo sonoro diferente daquilo a que nos tem acostumado ao longo dos anos.
Chegar até estas 18 composições, como explica o músico, foi um exercício de procura, um desafio a quebrar barreiras e sair das zonas de conforto que Torpedo tipicamente habita. O resultado é a coleção eclética e heterogénea de sonoridades espelhadas neste lançamento: para um artista que costuma encontrar no rock a casa-mãe, as influências dos lados mais exploratórios da música estão bem patentes na forma domina a colagem sonora ou abordagens drone e improvisadas à criação musical. É precisamente o arrojo, a ousadia e a riqueza da proposta que levaram o Teatrão a querer fazer desta a sua primeira edição fonográfica.
Por um tempo limitado, está disponível a oferta de um bilhete para o espetáculo na OMT para quem comprar o disco por um valor igual ou superior a 10 euros. Basta entrar em contacto com o Teatrão indicando o username do Bandcamp com o qual a compra foi feita para que a companhia possa proceder ao envio do bilhete (sujeito à disponibilidade de lugares na sala).
“Dói-me o corpo de jazer nessa esperança” tem dramaturgia original de Jorge Palinhos a partir de “As Troianas” e “Hécuba” de Eurípedes, encenação de Marco Antonio Rodrigues. A partir destes dois textos fundadores do teatro universal, procurou construir-se uma abordagem contemporânea que estabelece pontes entre as ruínas de Tróia e a atualidade. Aqui encontramos uma Hécuba que se recusa a ser vítima passiva, lugar de contemplação de fome e dor – aquilo que a rainha troiana, no cânon da tragédia clássica grega, tipicamente representa. Em “Dói-me o corpo de jazer nessa esperança”, mais do que uma mulher forte ou vingativa, Hécuba é uma mulher mítica que, quando confrontada com desafios muito complexos, não se resigna e procura tornar-se agente – e não vítima – do destino.
Os bilhetes para “Dói-me o corpo de jazer nessa esperança” estão disponíveis para compra na OMT, postos Ticketline ou online.
