O Convento de São Francisco, em Coimbra, recebe até 21 de novembro a 6.ª edição das Jornadas Técnicas da Cerâmica, um encontro que ganha especial relevo este ano, ao assinalar os 40 anos do CTCV – Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro. A iniciativa reúne empresas, especialistas, centros tecnológicos e decisores públicos para refletir sobre os desafios e o futuro de dois setores estratégicos para a economia nacional, de acordo com nota de imprensa enviada à Central Press.
Na sessão de abertura, o secretário de Estado da Energia, Jean Barroca, sublinhou que a transição energética deve assentar “numa sinergia entre competitividade, sustentabilidade e criação de valor local”, essencial para cumprir as metas climáticas e reforçar a soberania energética. Recordou o papel central da indústria nas metas do PNEC (Plano Nacional Energia e Clima 2030) e do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 e destacou que a União Europeia prevê a captura de 50 milhões de toneladas de CO₂ por ano até 2030, com particular impacto nos setores de difícil eletrificação, como a cerâmica e o vidro. Barroca apontou ainda a necessidade de transformação industrial apoiada na qualificação dos trabalhadores, na inteligência artificial e em soluções tecnológicas que tornem viável a descarbonização e a produção de combustíveis sintéticos.
O presidente do Conselho de Administração do CTCV, Marques dos Santos, destacou o significado simbólico das jornadas no ano em que a instituição celebra quatro décadas de atividade ao serviço da indústria. Sublinhou que o CTCV mantém como ambições estratégicas o reforço de parcerias com empresas e fornecedores tecnológicos, a intensificação da vigilância e transferência tecnológica e um compromisso firme com a sustentabilidade, garantindo que o investimento em infraestruturas, equipamentos e pessoas gera retorno efetivo para a indústria.
Marques dos Santos alertou para o contexto desafiante que afeta o setor, marcado pela instabilidade geopolítica que encarece combustíveis e reduz a oferta de matérias-primas, pelas tarifas à exportação que diminuem a competitividade das empresas e pela escassez de mão de obra, que exige maior digitalização e automação. Realçou também o esforço contínuo do CTCV em apoiar a indústria na melhoria de produtos e processos, num quadro de transformação acelerada.
Já o presidente da APICER, Jorge Vieira, recordou que os setores da cerâmica e do vidro têm enfrentado anos particularmente exigentes, desde a pandemia ao aumento dos custos de energia, bem como a competitividade desigual imposta por produtos importados a preços de dumping e com padrões ambientais inferiores aos europeus. Defendeu, por isso, maior atenção dos decisores políticos à proteção das empresas nacionais.
A edição deste ano reafirma o compromisso da cerâmica e do vidro com a inovação, a sustentabilidade e a competitividade, projetando o futuro de dois setores que continuam a ser referências nacionais e internacionais.
