A Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) Coimbra assinala os 500 anos do nascimento de Luís de Camões com o projeto “Camões: Cantos e Encantos”, um teatro musical inclusivo que envolve 40 pessoas com deficiência intelectual (PcDI) dos Centros de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI) da instituição, situados em Arganil, Coimbra, Cantanhede e Montemor-o-Velho, de acordo com nota de imprensa enviada à Central Press.
Os ensaios já se iniciaram e a estreia está marcada para 24 de fevereiro do próximo ano, seguindo-se uma digressão pelo país. O espetáculo combina teatro, música, dança e tecnologias digitais, recorrendo a projeções imersivas e interação direta com o público. Através do telemóvel, os espectadores poderão influenciar alguns momentos cénicos e mesmo escolher o final.
A peça aborda temas universais como coragem, solidariedade e diversidade, inspirando-se na vida e obra de Camões (poeta com grande ligação a Coimbra) e nas viagens dos navegadores portugueses. Trata-se de um espetáculo envolvente e acessível a várias gerações e tipos de público.
“A melhor forma de mudar mentalidades face às pessoas com deficiência intelectual é permitindo que demonstrem as suas capacidades, não apenas artísticas, mas também criativas. O tema escolhido não é por acaso: num ano em que muitos agentes artísticos e musicais constroem as suas produções à volta de Camões não poderíamos ficar de fora e não participar ativamente na comemoração de uma efeméride que é de todos - os 500 anos do nascimento de Luís de Camões. A história de Portugal também é nossa e mais uma vez queremos provar isso”, afirma Helena Albuquerque, presidente da APPACDM Coimbra.
As 40 PcDI estão envolvidas desde a criação do guião à produção de figurinos, cenografia e materiais de divulgação. Serão realizadas formações nas áreas de teatro, dança, técnica vocal e competências digitais, bem como ensaios e “focus groups” quinzenais para aperfeiçoamento e melhoria do projeto.
“Ao proporcionar formação em áreas de expressão e tecnológicas pretendemos também aumentar o perfil de empregabilidade destas pessoas em setores artísticos ou outras áreas e participação em associações culturais”, avança Helena Albuquerque.
A partir deste espetáculo, a APPACDM Coimbra irá também produzir um guia acessível para espetáculos inclusivos, destinado a organizações artísticas, culturais e congéneres que pretendam trabalhar com PcDI. “Espetáculos inclusivos são escassos e com a elaboração do guia prático para a sua realização esperamos contribuir para o seu aumento”, explica Helena Albuquerque. “Desta forma, queremos também fomentar a diversidade no panorama artístico nacional e incentivar o surgimento de projetos liderados por artistas com deficiência”, acrescenta.
Está previsto um mínimo de cinco apresentações públicas até junho de 2026, em municípios como Anadia, Arganil, Cantanhede e Figueira da Foz. O número de exibições deverá aumentar, através de contactos a efetuar com autarquias, escolas e outras instituições, nomeadamente dedicadas ao público sénior.
Após cada uma das cinco apresentações já previstas, será feita uma avaliação por amostragem, através de um questionário entregue a uma em cada dez pessoas do público, de forma a avaliar o impacto do espetáculo na comunidade. Materiais de divulgação, como folhas de sala ou “flyers”, serão produzidos na instituição, em Montemor-o-Velho, por PcDI, com recurso a papel reciclado, reforçando o compromisso ambiental do projeto. Compromisso que se estende também ao reaproveitamento de materiais sempre que possível, nomeadamente tecidos, nos cenários e figurinos.
O projeto “Camões: Cantos e Encantos” da APPACDM Coimbra é apoiado por fundos comunitários do programa Centro 2030.
