Um grupo de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) integra o consórcio europeu CHAFT – Monitorização domiciliária para identificar riscos de deficiência auditiva causada pela cisplatina, financiado pelo programa EU-INTERREG-SUDOE, de acordo com o comunicado enviado à Central Press.
De acordo com Joel P. Arrais, investigador do Centro de Informática e Sistemas da UC, este projeto pretende desenvolver e validar um sistema de telemedicina que permita a monitorização auditiva domiciliária de doentes submetidos a quimioterapia com cisplatina, um fármaco amplamente utilizado em oncologia, mas frequentemente associado a toxicidade auditiva irreversível.
"Através de uma aplicação instalada num tablet com auscultadores de redução ativa de ruído, os doentes poderão realizar testes audiométricos em casa, eliminando deslocações desnecessárias e garantindo um acompanhamento mais equitativo, especialmente em zonas rurais ou com menor acesso a cuidados especializados", explica o coordenador do projeto na FCTUC.
«Para além de propor uma solução tecnológica inovadora de monitorização e prevenção, o CHAFT pretende ainda reduzir as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde e contribuir para a sustentabilidade ambiental, ao diminuir deslocações e otimizar recursos hospitalares», sublinha o especialista.
A equipa será responsável pelo desenvolvimento de modelos de aprendizagem automática e de análise de dados de sequenciação genómica. O objetivo é identificar novos padrões farmacogenómicos que permitam prever quais os doentes com maior predisposição genética para a perda auditiva induzida pela cisplatina, contribuindo assim para tratamentos personalizados e mais seguros.
«A integração de dados clínicos, audiométricos e genómicos através de IA permitirá antecipar o risco de toxicidade auditiva antes que esta se manifeste, abrindo caminho a uma medicina verdadeiramente personalizada», conclui Joel P. Arrais.
