A direcção do sector da administração pública central da organização regional de Coimbra do Partido Comunista português (PCP) emitiu, hoje dia 19 de agosto, uma nota sobre o acesso aos serviços de saúde no concelho e em toda a região de Coimbra.
Para o organismo, "desde o inicio do verão, em Coimbra, o acesso aos serviços e cuidados de saúde tem sido dificultados com o encerramento de serviços e o desgaste dos profissionais de saúde cujas condições de trabalho se tem vindo a degradar".
O PCP chama a atenção para medidas tomadas recentemente pela Unidade de Saúde Local (ULS) Coimbra que para o organismo, não servindo os utentes e a população - colocam os profissionais de saúde em situação de stress e sobrecarga.
O PCP denuncia o encerramento, no período nocturno, do serviço de Urgência do Hospital Geral de Coimbra (Hospital dos Covões) e afirma que esta medida diminui a capacidade de resposta, "como já constatado no Serviço de Urgência dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), com a formação de extensas filas de ambulância à sua porta com utentes para serem atendidos".
O PCP denuncia aquilo que considera uma "gravíssima situação dos blocos de partos e urgências de obstetrícia do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que se verifica pelo país". Para o partido, "os impactos do encerramento destes serviços em vários pontos do país refletem-se fortemente nas já maltratadas e exauridas maternidades da cidade de Coimbra. A capacidade de resposta destes serviços tem se mantido com o recurso ao esforço acrescido dos profissionais de saúde, com a utilização de um enorme volume de horas extraordinárias e constantes alterações dos horários de trabalho".
Assim, "denuncia, mais uma vez, que a degradação das condições físicas, e de recursos humanos e técnicos nas maternidades de Coimbra, não pode continuar" e que "tem sido ainda recorrente, por iniciativa da ULS Coimbra, a recomendação da alta precoce das mães e dos bebés, aliviando a pressão dos serviços, mas sem cuidar dos perigos que podem acarretar para as mães e recém-nascidos".
Para o partido, "a ULS Coimbra não procura respostas sólidas para o futuro do SNS, na área que gere, pelo contrário, procura manter a situação, ainda que recorrendo a subterfúgios. A eventual criação de um serviço de atendimento complementar para dar resposta à doença aguda, sediado no Centro de Saúde Fernão Magalhães, será assegurado por profissionais de saúde, de todos os centros de saúde da cidade Coimbra".
O organismo refere ainda que, "ao contrário da necessária contratação de mais trabalhadores para o SNS, esta medida só será possível com o recurso ao horário extraordinário e sobrecarga de horários o que poderá conduzir a situações de stress e burnout dos profissionais".
"Considera que a actual situação é grave e resulta das decisões políticas dos anteriores executivos, que contribuíram para fragilizar o SNS, políticas mantidas e agravadas pelo actual governo que com o seu plano de emergência parece mais interessado em fomentar a iniciativa privada e o negócio da doença."
Desta forma, "o PCP defende a descentralização de serviços, dotados com equipas especializadas que permitam atender às demais necessidades dos utentes e da população".
A organização regional referiu que "como tem sempre alertado, a resposta que o SNS precisa, reside no reforço do investimento, no sentido da sua valorização em meios e recursos técnicos e humanos. Deste modo, o PCP considera essencial que sejam atendidas as propostas dos profissionais de saúde na defesa das carreiras médica, de enfermagem e dos restantes profissionais, na melhoria da remuneração base e de redução do horário e carga de trabalho, permitindo a fixação de profissionais e promover o regresso ao SNS, de médicos e outros profissionais agora no sector privado e no estrangeiro".