“Isto não é bem uma despedida do Tiro, é uma despedida da alta competição” – foi assim que João Costa explicou o parágrafo colocado numa carreira de 35 anos, durante a homenagem que a Comissão de Atletas Olímpicos (CAO) e o Comité Olímpico de Portugal (COP) lhe prestaram ontem, quinta-feira.
Presente em cinco Jogos Olímpicos – Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016 – o figueirense (Paião) João Costa dá, aos 60 anos, um novo rumo à sua atividade desportiva, depois de ter sido atingido o pódio em campeonatos do Mundo, campeonatos da Europa, taças do Mundo, Jogos Europeus e Jogos do Mediterrâneo.
“Vou continuar a treinar, vou continuar a tentar ganhar”, prometeu, apontando ainda um objetivo: “Tenho já 97 medalhas de ouro de campeão nacional e queria chegar às 100 este ano”.
Militar de profissão, João Costa teve alguma dificuldade para conjugar a atividade profissional com a atividade desportiva, como contou esta quinta-feira à audiência presente no auditório do COP, em Lisboa: “Não foi fácil ir a uma prova internacional sem autorização, regressar e só depois vir a autorização. Aconteceu também não me deixarem ir. Aconteceu muitas vezes. Aconteceu não me deixarem aos Jogos Olímpicos”, o que obrigou o COP a efetuar diligências junto do Estado no sentido de concretizar a integração do atirador na Missão Olímpica.
“O Estado, na sua vertente das Forças Armadas, não vê o desporto como algo que seja positivo, é estarmos a perder tempo. Eu sempre trabalhei das 9 às 5 e só depois vinha o desporto, por isso é que digo que o desporto foi sempre uma atividade amadora. Eu nunca vivi do desporto, porque quando comecei já tinha um ordenado. Foi uma vantagem”, sublinhou.
O presidente do COP, Artur Lopes, dirigiu-se assim ao homenageado: “Esta casa vê em si um exemplo. O João Costa será para nós aquilo que sempre foi, um atleta de eleição, uma referência”.
Para José Marracho, presidente da Federação Portuguesa de Tiro, João Costa, “a nível nacional ainda é o melhor atleta, indiscutivelmente. É o melhor atleta de todos os tempos, da Federação Portuguesa de Tiro”.
Diana Gomes, presidente da CAO, que fez parte da Equipa Portugal juntamente com João Costa em Atenas 2004 e Pequim 2008, referiu-se ao atirador olímpico com emoção.
“Para mim, o João Costa, do Tiro, é eterno. Tu vais sempre continuar a ser atleta no ativo.” E dirigiu-lhe um desafio: “Tu fundaste a CAO, esta entidade integrada do Comité Olímpico. Adorava saber que vais continuar a dar o teu contributo. Obrigado por tudo o que deste ao desporto e agradeço-te, de antemão, aquilo que ainda vais dar”.