O cinema português tem sido recentemente destacado em prestigiados festivais internacionais, com reconhecimentos significativos para os realizadores Maria Inês Gonçalves e Basil da Cunha.
Maria Inês Gonçalves foi distinguida no Festival Internacional de Cinema de Roterdão (IFFR) pela sua curta-metragem La Durmiente (2025, Portugal/Espanha, DOC/FIC, 20′). Este filme, uma coprodução entre Portugal e Espanha, foi reconhecido pelo seu mérito artístico e nomeado para os Prémios Europeus de Curta-Metragem.
A curta-metragem foi elogiada pelo júri do festival, que a descreveu como:
"Um poema de meditação histórica, que se equilibra entre as evocações do passado e a leveza de um workshop vespertino. A câmara deambula entre o documentário e a reconstituição, a paisagem e o retrato, o abstrato e o concreto, ecoando a tradição do cinema português e explorando a história cultural da Península Ibérica, ricamente entrelaçada. A presença do património arquitetónico dá forma a uma beleza intemporal, de outro mundo, com uma abordagem anacrónica. Os atores infantis, inocentes e solenes, guiam-nos na contemplação do destino das mulheres no meio das grandes convulsões históricas dos séculos passados. Elementos ricos são suavemente harmonizados e construídos sob o toque delicado e suave do realizador. Uma obra muito prometedora para o cinema europeu.”
A cerimónia de entrega dos prémios da competição Tiger Shorts decorreu na segunda-feira, pelas 21:00 (CET), na WORM Central Station, em Roterdão.
Além disso, Basil da Cunha foi reconhecido pela Short Film Conference com o prémio "Curta do Ano" pela sua obra 2720 (2023, Portugal/Suíça, FIC, 25′). Este prémio é atribuído anualmente pela Short Film Conference, que reúne membros de festivais de cinema de todo o mundo, destacando curtas-metragens de excelência que se distinguiram em festivais membros da conferência.
Enquanto recebeu o prémio, Basil da Cunha afirmou:
"É uma grande honra para nós, e, sendo este um filme sobre violência policial, espero que este prémio chame mais a atenção para este problema em Portugal. Quero dedicar este prémio a todos os bairros e a todas as pessoas que são vítimas de violência policial."
O filme já conquistou o público de curtas-metragens de todo o mundo, tendo ganho o Prémio do Público e Melhor Realizador Português no Curtas Vila do Conde, o Prémio FIPRESCI 2023 em Oberhausen, Melhor Filme Suíço 2023 no Internationale Kurzfilmtage Winterthur. O filme foi ainda nomeado para Melhor Curta-Metragem nos European Film Awards 2024.
Estes reconhecimentos sublinham a qualidade e diversidade do cinema Português contemporâneo, reforçando a sua presença e relevância no panorama cinematográfico internacional.
LA DURMIENTE
Realização: Maria Inês GONÇALVES
Produção: Películas Maria + EQZE - Elías Querejeta Zine Eskola
La Durmiente explora a história da infanta medieval D. Beatriz de Portugal (1373-1420) através da fabulação e do imaginário infantil. Tomando como cenário o Mosteiro de Sancti Spiritus em Toro, Espanha, onde jaz o sepulcro de D. Beatriz, um grupo de sete crianças encena e interpreta fragmentos da vida desta personagem apagada pela história, mas preponderante na crise dinástica portuguesa de 1383.2720
2720
Realização: Basil da Cunha
Produção: Arquipélago Filmes + Batalha Centro de Cinema
Um bairro clandestino na Reboleira acorda com a notícia de uma violenta rusga policial, que aconteceu na noite anterior. Camila, uma menina de 7 anos, parte em busca do irmão, Igor. Está preocupada. Igor anda desaparecido. Ao mesmo tempo, Jysone apressa-se: passados 6 anos na cadeia e 5 semanas em liberdade, Jysone finalmente encontrou trabalho e sabe que não pode chegar atrasado. Está à procura de alguém que lhe possa dar boleia enquanto caminha pelos becos do bairro, onde se vai cruzando com amigos e conhecidos, que o atrasam ainda mais. O destino dos nossos dois protagonistas vai acabar por se cruzar da pior forma possível.