Um estudo observacional e nacional realizado em colaboração com 38 unidades de Cuidados de Saúde Primários, apresenta novos dados que apontam para uma maior prevalência de asma em mulheres (7,6%) do que em homens (6,6%), de acordo com o comunicado enviado à Central Press.
De acordo com este estudo, a asma continua a ser um problema de saúde relevante em Portugal, com uma prevalência na população adulta de 7,1% (IC 95% 6,3–8,0%). Este valor corresponde a aproximadamente 700.000 adultos em Portugal Continental, dos quais, cerca de 7 em 10 doentes adultos não tem a sua doença controlada.
“Embora o estudo não detalhe exaustivamente as causas subjacentes, podemos depreender que esta prevalência é resultado da complexa interação entre fatores familiares e genéticos que desempenham um papel importante; a exposição ambiental a alergénios comuns (ácaros, pólen, animais) e poluentes do ar (tráfego, indústria, tabaco, qualidade do ar interior); fatores ligados ao estilo de vida, como a dieta, obesidade e atividade física; determinantes sociais, que sabemos poderem estar associados a exposição a riscos relacionados com a literacia, rendimento familiar, tipo de atividade laboral, qualidade da habitação, acesso a cuidados de saúde, etc.”, explica o investigador responsável pelo estudo.
No que diz respeito à asma grave, a prevalência em Portugal na população adulta é de cerca de 3% das pessoas com asma, de acordo com as orientações GINA.
A Presidente da Associação de Doentes com Asma Grave, Ana de Carvalho Gonçalves, refere que “existe um elevado número de pessoas com a doença por diagnosticar, que vivem com sintomas graves e, muitas vezes, debilitantes e que transtornam o seu dia a dia sem ter sido identificada a causa, o que impossibilita um tratamento adequado e uma melhoria da qualidade de vida”.
Os dados, agora divulgados, apontam que a prevalência se manteve estável em comparação com os valores do Inquérito Nacional de Asma de 2010 (6,8%), sugerindo uma estabilidade na última década. A distribuição da asma por idade releva uma maior prevalência em adultos jovens (18-49 anos) e idosos (≥65 anos).
Este estudo identificou também fatores clínicos e sociodemográficos chave que podem apoiar na suspeita clínica de asma, por parte dos médicos, e auxiliar a identificação de casos não diagnosticados. Indivíduos com histórico familiar de asma têm cerca de 1,61 vezes mais probabilidade de desenvolver a doença em comparação com aqueles sem histórico familiar. A presença de sintomas nasais e oculares é um forte indicador, embora não exclusivo, da presença de asma1. A prescrição de inaladores, no último ano, e a realização de testes para detetar alergias podem reforçar a suspeita clínica da doença e ajudar a identificar casos ainda não diagnosticados. Por outro lado, um nível de escolaridade superior a 12 anos mostrou-se associado a um risco diminuído de asma, validado por fatores socioeconómicos, um melhor acesso à informação em saúde ou outros determinantes sociais da saúde.