A Confederação do Desporto de Portugal (CDP) manifestou ontem, 9 de maio, a sua preocupação perante a comunicação enviada pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) às federações desportivas, na qual se confirma que, no atual contexto de transição governativa e eleições, o financiamento das atividades regulares para 2025 manterá os valores atribuídos no ano anterior.
Em comunicado, a CDP considerou surpreendente esta decisão, alertando que "os ciclos políticos não devem interferir na gestão corrente e na autonomia das várias estruturas da Administração Pública", referindo-se concretamente ao IPDJ. A decisão, segundo a Confederação, causa apreensão no seio das federações desportivas, que veem ignorado o reforço de 8,3% previsto na proposta de Orçamento do Estado para 2025, aprovada pela Assembleia da República. Este reforço visava precisamente responder ao agravamento de custos e ao impacto continuado da inflação, que tem afetado a capacidade financeira das estruturas desportivas.
A CDP sublinha que esta manutenção do valor de financiamento não acompanha as necessidades crescentes das federações, agravadas pelo aumento dos custos de funcionamento, e representa um enfraquecimento da capacidade de ação do IPDJ. Para a Confederação, esta situação revela a necessidade urgente de reavaliar o atual modelo de financiamento das atividades regulares das federações, que deve, além do critério histórico, valorizar o mérito, a eficiência de gestão, o impacto desportivo e o potencial de desenvolvimento de cada entidade.
Nesse sentido, a CDP anunciou que irá levar esta discussão à próxima Cimeira de Presidentes de Federações Desportivas, com o objetivo de construir uma proposta concreta para a alteração do modelo de financiamento atribuído pelo IPDJ.
No mesmo comunicado, a Confederação recorda ainda que o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Desportivo 2024-2028, no valor de 65 milhões de euros, foi uma iniciativa relevante promovida pelo Governo no final do ano passado e que contou com o contributo da CDP e das federações. No entanto, alerta que este programa “não substitui o financiamento das atividades regulares” e que não deve ser utilizado como argumento para manter inalterado o apoio às atividades de base das organizações desportivas.
A CDP conclui reiterando o seu compromisso em colaborar com o poder político e entidades públicas para encontrar soluções estruturais e sustentáveis que garantam o desenvolvimento e valorização do desporto nacional.