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Oliveira do Mouchão: onde o presente toca a eternidade e a história ganha raízes

C-Vita Central Press/
08/06/2025, 07h37
/
5 min
Oliveira do Mouchão ©CM Abrantes
Oliveira do Mouchão ©CM Abrantes

Imagine uma testemunha viva da história. Uma entidade silenciosa que assistiu, estoica, à construção da Muralha da China, ao primeiro lançar de discos nos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, às tempestades da Idade Média, às guerras mundiais e à chegada do Homem à Lua. Uma sobrevivente do tempo que, apesar das mudanças do mundo, permanece firme, oferecendo sombra, histórias e raízes que se entranham não só na terra de Mouriscas, mas na identidade de um país resiliente.

Ela existe. E está viva em 📍 Cascalhos, Mouriscas – Abrantes, Portugal.

A Oliveira do Mouchão, localizada na aldeia de Cascalhos, freguesia de Mouriscas (concelho de Abrantes), não é apenas a mais antiga oliveira de Portugal — é uma das mais antigas árvores de todo o continente europeu, com cerca de 3350 anos comprovados pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), através de um estudo meticuloso e certificado pela patente nacional NP 104183.

Uma viagem até à raiz da História

Chegar à Oliveira do Mouchão é simples. Se vier do Norte, siga pela A13 — gratuita e com paisagens de cortar a respiração — até Abrantes. Do Sul, a A23 oferece uma ligação fluída a partir da A1 ou da A21, abrindo caminho para uma escapadinha repleta de história, natureza e silêncio profundo.

Mas atenção: o que se encontra em Mouriscas não é apenas uma árvore — é um verdadeiro monumento vivo, anterior à fundação de Roma, à construção das primeiras igrejas cristãs, ao nascimento de Cristo.

Com um tronco oco e um perímetro de base de 11,2 metros, a Oliveira do Mouchão parece saída de uma fábula ancestral. De forma retorcida e única, é um convite irrecusável à contemplação. Diz-se que os pescadores locais combinavam ali o dia de pesca, e que a melhor “pesqueira” do Tejo era a do Mouchão. Talvez tenha sido esta mesma oliveira a fornecer azeitonas ao azeite que nutria os marinheiros nos Descobrimentos — quem sabe?

Um símbolo de resiliência para eternizar em imagem
Não há fotógrafo que lhe fique indiferente. Seja com telemóvel, câmara ou apenas os olhos bem abertos, a Oliveira do Mouchão pede registo.

Imagine-se de pé, ao lado de um ser vivo que resistiu a tudo: a impérios, a religiões, a modas, a ideias, a catástrofes. Mais antiga que qualquer dinastia portuguesa, mais robusta que qualquer ideologia, a Oliveira do Mouchão é um símbolo de resistência, paz e sabedoria — tal como o próprio azeite que dela em tempos escorreu, esse “ouro líquido” adorado desde os Fenícios.

Leve a sua família, amigos, ou vá sozinho(a), em busca de introspeção. Sente-se sob os seus ramos e pense em tudo o que já viveu. E no que ainda vai viver. Tire uma fotografia. Grave um vídeo. Escreva um poema. Abrace-a. Porque nesta árvore milenar, cada um pode deixar uma parte de si — e levar, em troca, um pouco da eternidade.

De Abrantes para o mundo
A oliveira foi classificada como arvoredo de interesse público em 2007, após processo iniciado pela Câmara Municipal de Abrantes. Em 2021, foi a segunda classificada no concurso nacional “Árvore do Ano”, promovido pela União da Floresta Mediterrânica, ficando a um passo de representar Portugal na edição europeia.

A ligação de Abrantes à oliveira não se resume a esta relíquia natural. A tradição olivícola no concelho é antiga, com fortes referências nos séculos XIII a XVI. O Livro de Posturas de Abrantes já protegia os olivais locais, que alimentavam não só a região como também a capital do império. Nos tempos áureos dos Descobrimentos, muito azeite partia de Abrantes para Lisboa, e daí para os quatro cantos do mundo.

Viver o presente com os pés na história
Hoje, visitar a Oliveira do Mouchão é mais do que turismo. É uma experiência sensorial e espiritual. É perceber que há vidas maiores que a nossa, que existem seres vivos que nos ligam, por raízes invisíveis, a uma história coletiva que atravessa milénios.

E talvez, ao estar ali, debaixo da sua copa sagrada, com o som do Tejo por perto e o silêncio da terra a embalar os sentidos, relembre-se: não foi só a árvore que sobreviveu ao tempo — foi Portugal também.

Sentir. Viver. Fotografar....Fazer e ser parte da história.

Como chegar:

  • Do Norte: A13 (gratuita) até Abrantes.
  • Do Sul: A1 ou A21 até à A23, depois saída para Abrantes/Mouriscas.
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Município de Abrantes

A fundação de Abrantes ter-se-á verificado em meados do século XII, resultado da necessidade de defesa dos territórios conquistados e de assegurar a vida ativa de Santarém. Para melhor assegurar essa defesa, D. Afonso Henriques doou o seu Castelo e extenso termo à Ordem de S. Tiago da Espada em 1173 e seis anos depois concede-lhe foral (1179). Associada à origem do nome Abrantes existe uma lenda encantada. O perfil de Abrantes é no século XII, inequivocamente militar, condicionando a implantação da estrutura amuralhada e Castelo, num local dificilmente expugnável e usando o leito do rio Tejo como obstáculo natural. O Tejo era a principal via de comunicação e na margem sul surgiu um importante porto fluvial. Aqui chegavam, por terra, produtos vindos do Alentejo e daqui partiam por via fluvial até Lisboa. No regresso os barcos vinham carregados das mercadorias que por aqui faltavam.
Valor médio:
Gratuito
Praça Raimundo Soares, 2200-366 Abrantes
Contatos:
geral@cm-abrantes.pt
Horário de funcionamento: Das 09:00 às 16:00

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