Assinala-se hoje mais um aniversário da assinatura do tratado que marcou a entrada oficial de Portugal na então Comunidade Económica Europeia (CEE), atual União Europeia (UE). A cerimónia histórica teve lugar a 12 de junho de 1985, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e contou com a assinatura do então primeiro-ministro Mário Soares, do vice-primeiro ministro. Rui Machete e do ministro dos Negócios Estrangeiros Jaime Gama.
A adesão de Portugal à CEE representou o culminar de um processo iniciado após a Revolução de 25 de Abril de 1974, que pôs fim ao regime ditatorial e abriu caminho à democracia e à aproximação às estruturas europeias.
Depois de anos de negociações, a assinatura do tratado formalizou a adesão de Portugal como membro de pleno direito a partir de 1 de janeiro de 1986.
O antes: um país isolado e economicamente atrasado
Antes da adesão, Portugal era um dos países mais pobres da Europa Ocidental, com uma economia fragilizada, fortemente dependente da agricultura e com um tecido industrial pouco competitivo. O isolamento político e económico que marcou os anos do Estado Novo deixou o país com fracas infraestruturas, baixos níveis de escolaridade e uma administração pública pouco modernizada.
A entrada na CEE foi vista, por muitos, como uma oportunidade histórica para modernizar o país e colocá-lo na rota do desenvolvimento europeu. A perspetiva de aceder a fundos comunitários, de integrar um mercado comum e de reforçar a democracia foi determinante para o entusiasmo com que a sociedade portuguesa recebeu a notícia.
O depois: crescimento, modernização e desafios
Desde então, Portugal beneficiou de importantes apoios financeiros comunitários, através dos fundos estruturais e de coesão, que permitiram investir em infraestruturas, educação, saúde, transportes e modernização agrícola. A integração europeia promoveu também a liberalização económica, o aumento das exportações e a mobilidade de pessoas e bens.
A adesão à UE foi um dos principais motores da transformação económica e social de Portugal nas últimas décadas. O país passou a fazer parte de um projeto político de paz, prosperidade e solidariedade, beneficiando de maior influência internacional e de uma rede alargada de cooperação.
Contudo, a pertença à UE também trouxe novos desafios, como a adaptação a regras comuns, a abertura à concorrência externa e, mais tarde, a participação na Zona Euro, com todas as exigências que isso implicou.
Um compromisso renovado com a Europa
Hoje, Portugal continua a ser um dos países onde o apoio ao projeto europeu se mantém elevado. O aniversário da assinatura do tratado de adesão é, por isso, uma ocasião para recordar o caminho percorrido, refletir sobre os desafios atuais da integração europeia e renovar o compromisso com os valores da solidariedade, do desenvolvimento sustentável e da democracia.
A assinatura do tratado nos Jerónimos marcou o início de uma nova era para Portugal. Uma era que, com todas as suas complexidades, permitiu ao país crescer, afirmar-se e participar ativamente na construção de uma Europa mais unida.