Sábado, dia 31 de maio, “Contenção dos Inconsonantes” sobe a palco às 21h30. Esta produção da Barraca Preta– estrutura com sede na Lousã – centra-se em questões ligadas à solidão, à exclusão social, num cenário em que a população perde o direito a sentir e a pensar.
Ao longo de 90 minutos, a Barraca Preta leva-nos a conhecer uma sociedade cada vez mais dominada por sistemas normalizadores e padronizadores de massas, que não dá espaço para que se ouça a dor do outro e que necessita silenciá-lo para exercer o seu poder. É neste contexto que encontramos um grupo de gente que sofre os seus próprios dramas, reféns inconscientes da exclusão e autoexclusão, da discriminação e da autoincriminação a que se submetem, alheios a uma máquina social desenfreada e desapiedada. A figura do Filósofo surge como último reduto que é capaz de respirar e pensar, agir e acionar energia combativa nos seus semelhantes.
Já no domingo, às 19h, é vez de a Aguarela de Memórias trazer “Sem raízes” diretamente da Pampilhosa do Botão até à OMT. O espetáculo olha para a história da identidade do país e dá voz a Abril a partir do instantâneo de um povo revisitado 50 anos depois da Revolução. A emigração, a família, a dor da traição e a subversão de ideais, são algumas das temáticas que a produção da Aguarela de Memórias aborda. A encenação irregular e sarcástica acrescenta um denominador comum - a importância da memória. “Sem raízes” assume como intenção central do espetáculo poder “contribuir para impedirmos o esquecimento dos ideais de Abril e a raiz da nossa liberdade no momento presente”.
Organizado pelo Teatrão, Aluvião vai decorrer de 31 de maio e 8 de junho na OMT e, além da Barraca Preta e Aguarela de Memórias, conta com produções do Grupo de Teatro da Associação Cultural e Desportiva do Casal – ACDC (Cadima), Grupo de Teatro Experimental "A Fonte" (Murtede), oTAL – Oficina de Teatro de Alvaiázere e Grupo Folclórico e Etnográfico do Brinca – Eiras – Coimbra. As apresentações decorrem às 21h30 de quinta a sábado e às 19h no domingo. O festival vai também incluir atividades ao longo do ano, com um programa de formação direcionado a associações culturais não-profissionais.
Os bilhetes para cada espetáculo têm um valor de 5€. Está disponível um pack por um valor de 9€ que inclui entrada em três espetáculos Aluvião à escolha. Bilhetes e pack disponíveis para na OMT.
Aluvião: uma breve história
A prática teatral tem, desde sempre, forte tradição no território que é sulcado pelo último troço do Rio Mondego, de Coimbra até ao mar. O Aluvião é, por isso, um programa de escala regional, com ambição de contribuir para a vitalidade dos movimentos associativos locais, tão essenciais para a promoção da participação das comunidades em atividades culturais. Estes são um fator essencial de coesão, de princípios de cooperação e entreajuda, que tanto interessa promover e renovar nos tempos atuais. O Teatrão tem, ao longo dos anos, cultivado uma relação de trabalho com grupos de teatro amador da região. A par de outros programas da companhia, o Aluvião pretende ser um espaço de visibilidade para a produção amadora regional, uma plataforma que contribua para a articulação da circulação de espetáculos na região e um espaço de troca, formação e desenvolvimento de novos projetos.
O projeto Aluvião nasce em 2019 no seio do Projeto Pedagógico do Teatrão, no seguimento de um trabalho que a companhia já tinha vindo a desenvolver junto das estruturas amadoras desde 2008, quer em projetos de formação, quer em teatro de comunidade com o projeto “Amadores do Coração”. O projeto foi concebido inicialmente como um programa de apoio à criação, formação e acompanhamento de companhias amadoras do Mondego, tendo, entretanto, passado a incluir apresentações na OMT e expandido a sua área de ação.
