Ontem, 24 de agosto, pelas 18 horas, nas Abadias, junto da estátua do maçon António dos Santos Rocha, teve lugar a inauguração da Árvore da Memória que homenageia «homens e mulheres de bons costumes» na pessoa de Mário Neto.
A cerimónia aconteceu enquadrada com a tradicional homenagem a Manuel Fernandes Tomás, na Praça 8 de Maio, promovida anualmente pelo Município da Figueira da Foz. Contou com a presença protocolar de Pedro Santana Lopes (presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz), António Ambrósio (em representação do grão mestre do Grande Oriente Lusitano Fernando Cabecinha), Fernando Cardoso (presidente da Associação Manuel Fernandes Tomaz) e Rui Miguel Cruz (pela Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto - ACC24A, promotora d’A Árvore da Memória e da peça produzida pelo escultor António Nogueira).
"O cumprimento de homenagem mais do que merecida"
Para a Associação este ato significa "o cumprimento de homenagem mais do que merecida" e «um gesto público de presença e transparência, sinal da continuidade de ação e trabalho pelos valores da Liberdade, Igualdade, Fraternidade e Tolerância, rumo ao esclarecimento e ao progresso".
Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto
A Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto é constituída por homens e mulheres esclarecidos, unidos para trabalhar em comum para o aperfeiçoamento intelectual e moral da comunidade.
Desde a sua fundação, em 2003, tem participado e produzido várias iniciativas de natureza cultural e cívica para a promoção dos valores da Liberdade, Igualdade, Fraternidade e Tolerância.
No seu histórico de atividades conta com mais de uma centena de iniciativas, entre exposições, cerimónias de homenagem, palestras, conferências, tertúlias, publicações, lançamentos de livro, entre outras.
Na sua ação tem procurado estar como impulsionadora de esclarecimento e progresso, e associar-se ao tecido associativo, instituições públicas e privadas que comunguem da mesma vontade de evoluir e fazer evoluir.
O monumento
A pedra esculpida é comparada ao Sol Nascente, representando a orientação e a sabedoria daqueles que já não estão entre nós. O símbolo do delta com o olho aberto remete para o princípio da existência e para as várias tríades que permeiam o universo, como o nascimento, vida e morte, ou Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
A presença do número 3, tanto na natureza quanto na espiritualidade, é destacada como um elemento universal e profundo. A oliveira ao lado do monumento simboliza a sabedoria, a renovação, a vitória, refletindo também a memória e o legado de antigos amigos e irmãos. O monumento é visto como uma ligação entre o Oriente, associado à eternidade e à fraternidade, e o Ocidente, o lugar de contemplação.
Esta homenagem a vários homens e mulheres livres e de bons costumes é personificada no espírito e na memória de Mário Neto, figura exemplar da comunidade.
Quem é Mário Neto
Mário António Figueiredo Neto, um engenheiro, professor e ativista político de renome, nasceu em Figueira da Foz a 19 de Fevereiro de 1942. A sua vida foi marcada pela paixão pela educação, pelo compromisso com a liberdade e pela dedicação à igualdade e dignidade humana.
Mário Neto iniciou a sua carreira académica no Instituto Superior Técnico (IST) em Lisboa, onde estudou engenharia de máquinas. Durante este tempo, tornou-se um crítico ativo do Estado Novo, envolvendo-se em movimentos estudantis e culturais que se opunham à ditadura. Foi também nessa época que desenvolveu um amor pelo cinema, tornando-se diretor do Cineclube Universitário de Lisboa.
Em 1964, Mário Neto foi preso pela PIDE devido ao seu envolvimento com o Partido Comunista Português. Após a sua libertação em 1965, continuou a sua luta pela democracia e liberdade, ensinando em diversas escolas e, eventualmente, juntando-se à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra como professor assistente. Destaca-se também o seu serviço como professor na Universidade Internacional e na Escola Industrial e Comercial.
Mário Neto também esteve na Comissão do Centenário da Elevação da Figueira da Foz a cidade e serviu como deputado na Assembleia Municipal de Figueira da Foz, mas demitiu-se devido a divergências políticas com o Partido Comunista. No entanto, continuou a ser uma voz ativa na comunidade, contribuindo para o periódico local «Barca Nova» e tornando-se membro do Grande Oriente Lusitano.
Mário Neto faleceu a 26 de Novembro de 2017, deixando um legado de dedicação à educação, ao ativismo político e à promoção da igualdade e dignidade humana.
Mário Neto foi iniciado na Loja Fernandes Tomás, do Grande Oriente Lusitano, que opera na Figueira da Foz, na noite de 27 de abril de 1996, sob o nome simbólico Amadeus.