A programação do "Linha de Fuga", festival e laboratório de criação bienal internacional, foi apresentada ontem, dia 15 de outubro, às 11h00, no Salão Brazil. A edição deste ano tem como tema "Enfrentar Medos" e, vai decorrer entre os dias 1 e 30 de novembro em diversos espaços culturais da cidade. O foco principal do "Linha de Fuga" é a dança contemporânea que, de acordo com a associação "se desenvolve como projeto de pesquisa e programação".
A iniciativa de cariz cultural acontece em Coimbra desde 2018 e, segundo a organização, tem como base três eixos, o apoio à investigação artística, o desenvolvimento de discursos críticos e uma relação direta entre arte e sociedade. O "Linha de Fuga" considera que Coimbra tem um comunidade de dança profissional "quase nula", e por isso, sentiram a necessidade "de proporcionar uma programação com distintas perspetivas sobre a dança".
Seguindo o percurso deixado pelas edições anteriores, esta edição de 2024 do Linha de Fuga, traz-nos artistas de diversas áreas assim como de diferentes países: Raquel André (PT), Marina Guzzo (BR), Malicho Vaca (CL), Inês Campos (PT), Paloma Calle (ES), Francisco Thiago Cavalcanti (BR/PT), Elizabete Francisca (PT) e Julia Salem (BR/PT) mais três artistas locais: Malu Patury com Thales Luz, Jorgette Dumby e Keissy Carvelli.
O festival acolhe também um programa de conversas sobre o tema "Como enfrentar coletivamente os nossos medos?" numa curadoria do Observatório de masculinidades do CES/UC e de Catarina Silva com distintos convidados e áreas de conhecimento. Esta série de conversas é uma espécie de "aquecimento para falar sobre o medo". A primeira conversa acontece no dia 17 de outubro, afirmou Catarina Saraiva, curadora e produtora do Linha de Fuga.
Em paralelo ao festival, decorre o laboratório internacional de criação artística. Treze artistas de distintas origens e países estarão em residência artística em Coimbra durante 3 semanas para trabalhar, provocar, pensar e desenvolver as suas práticas artísticas, trazendo consigo projetos individuais que pretendem criar um diálogo com a cidade e seus públicos sobre como eles enfrentam os medos individuais e sociais. Este artistas também vão participar em oficinas junto de outros artistas, como Gustavo Ciríaco e Paloma Calle, como destacou a curadora durante a apresentação da programação.
Este ano os parceiros que acolhem o festival entenderam que seria necessário "definir diferentes preços para cada espetáculo" e por isso os parceiros optaram por definir "preços acessíveis". Catarina Saraiva, durante a apresentação da programação considerou que este facto é importante porque o festival insere-se "numa cidade académica e onde poucas pessoas têm a possibilidade de assistir a espetáculos".
No final da apresentação, Catarina Saraiva destacou ainda alguns espetáculos tais como a Mistura, uma estreia nacional, que se carateriza por ser uma travessia performativa, no Jardim Botânico, Paloma Calle que se calle, uma estreia absoluta no Salão Brazil e Percurso Corpo Território, estreia absoluta e uma produção Linha de Fuga 2024.
A curadora do Linha de Fuga, em declarações à Central Press, afirma que para manter o festival "é necessário muita resistência". É graças aos apoios dos parceiros, que o "Linha de Fuga" se mantém, porque como realça Catarina Saraiva, a organização "não paga nenhuma sala, ao contrário, os próprios teatros partilham os custos de programação com a associação".
A diretora do departamento de cultura e turismo da Câmara Municipal de Coimbra, Maria Carlos Pêgo, também marcou presença na apresentação. A diretora realçou, em declarações à Central Press, o facto de Coimbra ser a "terceira cidade do país que mais espetáculos organiza e acolhe", e também a quantidade de "movimentos associativos e indústrias criativas instaladas na cidade". Por este facto, Maria Carlos Pêgo considera ser uma "obrigação do Município apoiar estes artistas e criar condições para que estes possam desenvolver o seu trabalho e fixarem residência em Coimbra" .
Maria Carlos Pêgo acrescenta ainda, em declarações à Central Press, que os artistas que rumam ao Festival "Lina de Fuga" têm residências artísticas onde ficar, mas que estas nem sempre são suficientes, e por isso considera que "há que criar condições para o desenvolvimento da hotelaria na cidade" no que concerne a este tipo de eventos.
Catarina Saraiva considera que há uma desvalorização e um desinvestimento da cultura. A curadora revelou à Central Press que o seu maior medo quando existe um desinvestimento, é que haja "um desinvestimento neste sentido crítico do ser humano". (sétimo vídeo_ valorização da cultura)
O Festival "Linha de Fuga" vai ter atividades na Oficina Municipal de Teatro, Jardim Botânico, Parque da Cidade, Casa das Artes Bissaya Barreto, Black Box do Convento São Francisco, Salão Brazil, Teatro da Cerca de São Bernardo, Sala D. Afonso Henriques, Baixa de Coimbra, Casa Municipal da Cultura e no CITAC.
"Linha de Fuga" é um um projeto financiado pela República Portuguesa - Cultura DGArtes e Programa Iberescena.