Esta quinta-feira, dia 6 de fevereiro, o palco da Sala Grande da Oficina Municipal do Teatro (OMT) acolhe a primeira produção da companhia lisboeta Teatro do Vazio. “Naufrágios” é um espetáculo que parte de “História Trágico-Marítima” de Bernardo Gomes de Brito, edição originalmente publicada em dois tomos lançados no séc. XVIII. O espetáculo adapta esta coleção de “notícias de naufrágios, e sucessos infelizes, acontecidos aos navegadores portugueses” para discutir e dialogar sobre a herança do colonialismo português no tempo presente, de acordo com nota de imprensa enviada à Central Press.
No papel de narrador surge uma estátua que ganha vida e, num registo entre o jogral e o trovador, vai procurando algo mais de profundo nas estórias encerradas nestes tomos. Pelo meio, o narrador vai revisitando excertos do nosso legado literário, poético e musical inspirado na temática dos naufrágios. Esta figura não é uma personalidade histórica de exemplar estatura social. Pelo contrário, trata-se de um simples homem que, como muitos, presenciou as faces mais escabrosas do ser humano no limite da sua sobrevivência. Neste palco, um ator, convida-nos a embarcar, naufragar e voltar à tona, numa viagem trágica e cómica, de sobrevivência e ócio, onde a esperança e a descrença navegam lado a lado.
O espetáculo, por um lado, vai ao encontro de um ideal programático do Teatrão, que tem procurado dar casa, na OMT, a companhias e projetos nos primeiros passos da sua atividade. Por outro lado, “Naufrágios” alinha-se, no tom e no diálogo que procura, com espetáculos como “A Grande Emissão do Mundo Português” e “Os Cadáveres São Bons Para Esconder Minas”, que têm procurado trazer para a frente da discussão os grandes traumas e tabus da história portuguesa do séc. XV ao séc. XX.
O Teatro do Vazio é uma companhia de teatro profissional fundada em 2022 por Celso Pedro e João Cadete. Ao seu lado contam com Beatriz Sousa e Sofia Carô. A sede é em Lisboa, mas a sua atividade pretende ramificar-se pelo país. Empenhada em fazer chegar as criações aos mais diversos locais, procurando também integrar as as suas comunidades em processos de criação e reflexão. Em cada projeto o ponto de partida será o vazio e o tanto que nele há por descobrir.
O espetáculo vai estar em cena no dia 6 de fevereiro às 19h00, numa sessão única para público geral. Os bilhetes estão disponíveis para compra na OMT, postos Ticketline ou online.
Haverá também duas sessões para escolas (sujeito a marcação), nos dias 5 e 6 às 10h30. No final de cada uma destas apresentações, André Caiado (investigador do CES na área dos estudos pós-colonialistas) irá conversar com os estudantes e Celso Pedro (ator e criador de “Naufrágios”) sobre o espetáculo e as várias questões que esta produção levanta.