O governo liderado por Luís Montenegro, do Partido Social Democrata (PSD), caiu após a reprovação de uma moção de confiança no Parlamento.
A moção foi rejeitada com votos contra de diversos partidos da oposição, incluindo o Partido Socialista (PS) e o partido Chega.
A crise política teve origem em alegações de conflitos de interesse relacionados com a empresa familiar de Montenegro, a Spinumviva, que recebeu pagamentos de empresas onde o primeiro-ministro trabalhou anteriormente. Estas suspeitas levaram a oposição a exigir explicações que pressionaram o PSD a propor uma Moção de Confiança.
Esta é apenas a segunda vez na história democrática de Portugal que uma moção de confiança é rejeitada, e as terceiras eleições desde 2022 - consideradas pesadas para o país, refletem uma instabilidade política que pode afetar a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas e a imagem de Portugal no exterior - dependerão da decisão do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
Nas eleições legislativas de 2024, a coligação Aliança Democrática (AD), composta pelo PSD, CDS-PP e PPM, obteve 80 assentos parlamentares, enquanto o PS conquistou 78. O partido Chega emergiu como a terceira força política, quadruplicando o número de deputados para 50, que entretanto foram reduzidos em resultados dos casos internos do partido.
Com a convocação de novas eleições, é possível que ocorram mudanças significativas na representação parlamentar dos partidos. Apesar do descontentamento dos eleitores com partidos tradicionais o Chega, que tem ganhado terreno devido à insatisfação popular, aparece em estudos a perder lugares no parlamento, tal como o Bloco de Esquerda e a Iniciativa Liberal a consolidar o seu crescimento.
A repetição de eleições num curto espaço de tempo poderá dar uma maioria ao PSD, ou eventualmente levar a uma fragmentação ainda maior do Parlamento, tornando mais difícil a formação de governos estáveis e eficazes.
Este cenário poderá exiger dos partidos políticos uma reflexão profunda sobre as suas estratégias e a necessidade de promover consensos que garantam a governabilidade e a confiança dos cidadãos no sistema democrático.