A Universidade de Coimbra acolheu hoje a 33ª edição das “Conversas da Casa da Lusofonia” que teve como convidada a cônsul-geral de Angola no Porto, Dulce Gomes. A Central Press esteve presente no evento.
A sessão, subordinada ao tema “Angola: um potencial a ser explorado”, foi inaugurada pelo vice-reitor para as Relações Externas, João Nuno Calvão da Silva, que recebeu a diplomata, enaltecendo o papel central de Angola na geopolítica atual e o fortalecimento das relações entre os dois países.
Na sua intervenção, o vice-reitor destacou a amizade de longa data entre Angola e a Universidade de Coimbra, frisando o apoio contínuo da cônsul à instituição e incentivando a aproximação entre os estudantes angolanos e a academia. “A Casa da Lusofonia é um espaço de diálogo e integração, e este evento reforça os laços históricos e culturais que unem Portugal e Angola”, afirmou. Sublinhou ainda a importância da lusofonia como espaço de cooperação, apontando que Angola tem um papel estratégico fundamental num mundo cada vez mais polarizado.
A cônsul Dulce Gomes destacou o que considera serem "as excelentes relações entre a Universidade Agostinho Neto e a Universidade de Coimbra, que têm resultado em várias colaborações ao longo dos anos". Dulce Gomes enfatizou ainda as ações do atual executivo angolano, alinhadas com a estratégia de desenvolvimento de longo prazo do país. Angola, explicou, "vive um momento crucial de estruturação da sua economia, apostando na diversificação e no afastamento da dependência petrolífera". Entre as áreas estratégicas identificadas, a cônsul destacou os recursos naturais e hídricos, o turismo, o comércio interno e a industrialização. Sublinhou também a nova divisão administrativa do país, que passou a contar com 21 províncias e 326 municípios, e a aposta na capacitação do capital humano para impulsionar o crescimento sustentável.
Para além destas medidas, a cônsul Dulce Gomes reforçou o que considera ser a importância de infraestruturas estratégicas como o Corredor do Lobito, o novo aeroporto internacional e as refinarias de petróleo, essenciais para a estabilidade e a competitividade do país. Apontou ainda a aposta em energias renováveis e na atração de investimento estrangeiro como motores para o futuro de Angola.
A sessão contou com a participação de várias personalidades académicas e estudantis, incluindo Albano Figueiredo, diretor da Faculdade de Letras da UC; Maria Paula Paixão diretora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação; Márcia Rodrigues, da Divisão de Relações Internacionais; e o vice-presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra.
Jussara Martins, secretária da Associação de Estudantes Angolanos em Coimbra (AEAC), encerrou o evento destacando a importância da iniciativa para os estudantes angolanos que, mesmo longe do seu país, "carregam Angola no coração". Jussara Martins argumentou que "a partilha de conhecimento e a promoção do país no estrangeiro são fundamentais para atrair novos olhares sobre Angola".
Estudantes de Timor-Leste, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Moçambique marcaram presença na sessão, evidenciando o caráter integrador da lusofonia e o papel da Universidade de Coimbra na promoção do diálogo intercultural.
A Casa da Lusofonia, responsável pela organização do evento, realiza este ciclo de conversas desde 2019, promovendo debates sobre temas incontornáveis da atualidade, sempre num ambiente de pluralismo e respeito pela diversidade.