Correcção: A versão anterior aparecia no título e no corpo da mensagem o nome de António Ferreira como candidato. Porém foi um erro prontamente corrigido. O candidato é António Figueiredo.

A Federação Distrital de Coimbra do Partido Socialista (PS) reuniu-se ontem, 11 de abril, em Condeixa-a-Nova, para debater o futuro do partido no concelho e formalizar a escolha de António Figueiredo como candidato às próximas eleições autárquicas.

Durante a sessão, João Portugal, presidente da Federação, fez duras críticas ao processo de adesão de militantes ocorrido nos últimos meses e que terá, segundo referiu, distorcido a eleição da Comissão Política Concelhia. O dirigente garantiu que foram detetadas “irregularidades graves”, nomeadamente na entrada de mais de 200 militantes, supostamente em bloco, e com fichas de inscrição que, segundo João Portugal, não cumpririam os trâmites legais exigidos pelos estatutos do PS.

O processo, que envolveu figuras internas do partido, terá sido já reportado ao Ministério Público, e, segundo o líder distrital, levou à suspensão de Daniel Antão, então vice-presidente da Federação. João Portugal garantiu que os factos estão documentados e que serão objeto de comunicação pública e, eventualmente, judicial.

Em alternativa à atual liderança da Comissão Política de Condeixa, e com o objetivo de estabilizar e unificar o partido no concelho, a Federação propõe António Figueiredo como candidato autárquico. A escolha, segundo João Portugal, resulta de um entendimento interno e representa uma “terceira via”, rejeitando a polarização gerada no seio do partido local.

Figueiredo, que já exerceu cargo autárquico como presidente da Assembleia, será assim o rosto escolhido pela Federação para representar o PS nas eleições municipais, assumindo o compromisso de liderar uma candidatura capaz de restabelecer a confiança dos militantes e da população de Condeixa.

Durante a reunião, foram também abordados temas ligados à estratégia para as autárquicas e ao papel dos militantes na reconstrução da imagem do partido, apelando à mobilização de todos para garantir uma campanha sólida e transparente.

A sessão contou com a participação de algumas figuras locais do partido e de membros do secretariado distrital, que reforçaram o compromisso com a ética partidária e a legalidade dos processos internos.

A mensagem central da noite foi clara: o PS quer virar a página e preparar-se com solidez para os desafios eleitorais em Condeixa.

O processo interno do PS em Condeixa tem sido marcado por disputas desde finais de 2023, relacionadas com a legitimidade da liderança concelhia e com a inscrição de um número expressivo de novos militantes, alegadamente de forma irregular.

Em março de 2024, o Conselho de Jurisdição Nacional(CJN) do PS interveio formalmente no processo, na sequência de um recurso interposto por militantes locais e dirigentes distritais, incluindo o presidente da Federação, João Portugal.
A decisão do CJN apontou para a nulidade da eleição da Comissão Política Concelhia de Condeixa, realizada em 2023, devido ao que considerou graves irregularidades nos cadernos eleitorais e falta de verificação estatutária nas admissões em massa de militantes.

O CJN entendeu que as regras do partido foram violadas, especialmente no que toca ao princípio da transparência e da verdade eleitoral, o que motivou a suspensão dos efeitos da eleição e recomendou à Federação Distrital que promovesse uma nova reorganização da estrutura local, salvaguardando a legalidade estatutária. Desde essa decisão, a distrital de Coimbra assumiu a liderança do processo de reorganização, defendendo uma solução “de convergência e estabilidade”, que resultou na proposta do nome de António Figueiredo como figura de união para liderar a candidatura do PS às próximas eleições autárquicas em Condeixa.​

Além disso, o Tribunal Constitucional recebeu uma providência cautelar apresentada por António Ferreira, então presidente da Comissão Política de Condeixa, solicitando a suspensão da admissão de militantes nas secções de Condeixa e Anobra, alegando irregularidades nas datas de aprovação das fichas de adesão.
O Tribunal não deu provimento à providência, considerando não provada a existência de uma deliberação formal do Secretariado Nacional do PS que aprovasse essas admissões