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China suspende compras à Boeing e impulsiona ações da Airbus

Redação Central Press/
16/04/2025, 07h31
/
4 min
Avião Boeing 747 de empresa chinesa ©Jeffry S.S.- Pexels
Avião Boeing 747 de empresa chinesa ©Jeffry S.S.- Pexels

A China decidiu suspender a importação de aeronaves da fabricante norte-americana Boeing, intensificando as tensões comerciais com os Estados Unidos e provocando uma reação imediata nos mercados financeiros.

O país asiático tomou uma decisão estratégica que teve imediatamente um impacto no mercado.

A medida chinesa surge em resposta à imposição de tarifas adicionais de 145% sobre produtos chineses pelos EUA. Em retaliação, Pequim instruiu as suas companhias aéreas a interromperem as entregas de jatos Boeing e a cessarem a aquisição de peças aeronáuticas de empresas norte-americanas. Esta decisão afeta diretamente grandes transportadoras chinesas, como a Air China, China Eastern e China Southern, que tinham encomendas pendentes de 179 aviões Boeing entre 2025 e 2027.

A suspensão das compras representa um golpe significativo para a Boeing, que já enfrentava desafios devido a problemas de segurança com o modelo 737 Max e a perdas financeiras que ultrapassaram os 11 mil milhões de dólares em 2024 . As ações da empresa registaram uma queda de mais de 3% após o anúncio, acumulando uma desvalorização superior a 10% no ano .

Em contraste, a Airbus tem beneficiado com a situação resultante das decisões das políticas de Trump e fecha cada vez mais contratos, e para além disso tem consolidado a sua posição no mercado chinês.
Recentemente, a fabricante europeia fechou um acordo para fornecer 40 aeronaves A320neo à Xiamen Air, avaliado em aproximadamente 4,85 mil milhões de dólares . Além disso, em 2022, três grandes companhias aéreas chinesas — China Southern, Air China e China Eastern — encomendaram quase 300 aviões da Airbus, num negócio estimado em 37 mil milhões de dólares.

Paralelamente, a China tem investido e apostado no desenvolvimento da sua própria indústria aeronáutica. O Comac C919, jato de médio curso desenvolvido pela fabricante estatal COMAC, realizou seu primeiro voo comercial em maio de 2024, operado pela China Eastern Airlines . Embora ainda enfrente desafios para competir com os modelos da Boeing e da Airbus, o C919 representa um passo estratégico na redução da dependência de fabricantes estrangeiros.​

A suspensão das compras à Boeing por parte da China reflete não apenas uma escalada nas disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo, mas também uma mudança estratégica na política de aviação chinesa. Ao fortalecer parcerias com a Airbus e investir em produção nacional, Pequim demonstra uma clara intenção de diversificar e consolidar a sua autonomia no setor aeronáutico.

A fabricante brasileira Embraer também se posiciona para beneficiar da atual conjuntura. A empresa obteve recentemente a certificação da Administração de Aviação Civil da China (CAAC) para os seus modelos E190-E2 e E195-E2, permitindo a sua operação por companhias aéreas chinesas. Atualmente, cerca de 85 aeronaves E-Jet da Embraer estão em operação na China, servindo 550 rotas e conectando 150 cidades, com aproximadamente 20 milhões de passageiros transportados anualmente.

Além disso, a Embraer assinou um acordo com uma empresa chinesa para converter jatos de passageiros em cargueiros, visando atender à crescente demanda do comércio eletrónico. A empresa prevê que cerca de 1.500 novas aeronaves de até 150 lugares serão necessárias na China até 2040, sendo 77% para atender à expansão do mercado e 23% como substituição. Este cenário representa uma oportunidade significativa para a Embraer expandir a sua presença no mercado chinês e fortalecer a sua posição no setor aeronáutico global.

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